O álcool subiu rápido, nós três dançamos e
cantamos como se não houvesse o amanhã. E não há, pelo menos ainda. Estamos
colocando para fora todas as nossas mágoas, tristezas e felicidade através da
dança e da música. Tudo o que precisamos nesse exato momento é curtir e curtir
sem parar, desligar nossas preocupações por pelo menos uma noite.
Alguns rapazes se aproximam de mim e de Layla
na expectativa de roubar um beijo, porém pedido negado. Nenhum beijinho sequer
dado. Eu rio e olho para a minha melhor amiga assim que um rapaz começa a se
envolver conosco na dança, gato pra porra.
Paro de dançar um pouco e me jogo em um sofá
próximo, com Victor. Rimos da nossa diversão em gargalhadas seguidas atrás da
outra enquanto Layla continua a dançar na nossa frente fazendo caras e bocas, o
que é totalmente engraçado! Sinto a necessidade de pegar mais um drink, ir ao
banheiro checar minha maquiagem e também fazer aquele xixi, pedi à Layla para
me acompanhar e assim fizemos, deixando Victor no sofá a nossa espera.
— Caralhooooooooooo, como eu amo essa vida! —
Layla grita, andando e dançando ao mesmo tempo.
Abro caminho entre as pessoas com o meu corpo,
puxando Layla pela mão, aos poucos aproximando-nos do banheiro. Sinto que a
cada segundo a boate lota ainda mais, ficando impossível andar entre as pessoas
e tornando o ambiente insuportável. Olho para o meu lado e não muito distante vejo
alguém que eu gostaria de encontrar se fosse há outros tempos, mas que no
momento eu só desejo distancia. Ele está sentado em uma poltrona, sem camiseta
e com a mesma enrolada na mão esquerda, e na mão direita está seu aparelho
celular que o mantém entretido.
É o cúmulo de uma pessoa antissocial, quem é
que vai a uma boate e fica mexendo no celular? Ele mesmo. Pergunto a mim mesma,
reviro meus olhos e sigo andando, não posso perder meu rumo.
Trato de abrir caminho o mais rápido possível,
não quero que ele me veja aqui e comece a perseguição tão cedo da noite. Se é
que posso dizer que é cedo, pois a noite não acaba e não para, então é cedo. Ao
alcançar o banheiro, digo eufórica:
— Ele está aqui! Caralho.
— Ele quem? Por que tanta euforia, louca?
— Quem? — Pergunto de volta para Layla, na
expectativa de que ela imagine a quem estou me referindo com tanta euforia.
Noto que algumas mulheres nos olham, certamente
pensando que a bebida já tenha nos tomado conta. Encaro Layla com a minha
feição mais obvia, quem mais poderia estar na mesma boate que nós, em outro
país? Meu pai que não seria.
— AHH ELE! — Layla exclama feliz por acertar.
— LERDA! — Exclamo no mesmo tom de Layla,
sendo totalmente sarcástica, e ela revira os olhos.
— É só ignorar ele assim como fizemos hoje
mais cedo na praia, e curta a sua noite. Simples, Angel. Com certeza devem ter
sido os paparazzi que nos flagrou entrando e ele veio para cá.
— Antes fosse, mas alguém o convidou. —
Encaro-a. Layla sorri amarela.
— Que se dane, vem, vamos curtir. — Ela diz.
Após usar o banheiro eu checo minha aparência em
um dos vários espelhos, e arrumo-me. Aproveito para olhar meu celular,
esqueci-me que desativei as notificações das minhas redes sociais, de tão
impossível que se tornou de mante o controle. Checo as mensagens e nada. Então
já que não tenho nenhuma ligação, mensagem, importante, e minhas redes sociais
estão fora de controle, está tudo certo. Ou não.
Do banheiro ao bar. Pedi que um dos barmen
leve até o meu camarote, doses de tequila. Pena que ficar com barman é fim de
carreira, caso contrário já teria pegado de tão gato. O homem maravilhoso
piscou para mim assim que fiz meu pedido, com essa piscada é engravidaria. Ops,
já estou grávida. Seria engraçado se não fosse trágico? Foi engraçado, caralho.
Péssima piadinha, Hágata. É, efeito do álcool transformando as pessoas em
humoristas ever.
Aproximei-me de Victor e falei:
— Pedi mais uma rodada de tequila para nós. — Pisquei
para ele e ri.
— Você não sossega esse faixo. Ê Hágata. —
Victor diz e ri.
— Depois da rodada de tequila podemos, por
favor, ir para algum outro lugar?
— Mas é claro. — Victor gargalhou. — A noite é
uma criança.
Um barman surge em nosso camarote, com uma
bandeja em mãos contendo meu pedido. Doses de tequila, sal e limão. Um sorriso
se abriu em meus lábios, que maravilha.
Lambe o sal.
Vira a tequila.
Chupa o limão,
e balança a cabeça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário