A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 25 - Xeque - mate.

Sentado em sua cadeira, Roberto Sato escutou o relato do detetive particular.
- Investiguei todas as discotecas no Brooklyn, mas não descobri qualquer pista.
- O rapaz o enganou - declarou Roberto, calmamente. 
Sam Collins ficou surpreso com a atitude de seu empregador. Tinha certeza de que Sato ficaria furioso.
- Mas não se preocupe com isso - acrescentou Roberto - Minha sobrinha estará em suas mãos nas próximas vinte e quatro horas.
Sam Collins se mostrou espantado.
- Quer dizer que sabe onde ela está?
Roberto balançou a cabeça.
- Não, mas saberei. Fiquei à espera junto do telefone. Eu lhe direi onde encontrá-la. - A voz se tornou gelada. - E desta vez espero que não fracasse.
- Não, senhor. Eu...
- Isso é tudo.
Ele estava sendo dispensado. Sam Collins lidara com homens perigosos durante toda a sua vida adulta, assaltante, assassinos, psicopatas, sádicos. Mas havia alguma coisa mortífera naquele homem sereno e de fala macia que o apavorava.
- Ficarei esperando a chamada - murmurou ele.
Roberto continuou sentado ali por muito tempo depois que o detetive se retirou, imóvel como uma estátua. Até agora, a sobrinha se esquivara a todos os seus movimentos. Entrara em xeque, mas evitara o xeque-mate. Mas Roberto já pensara na solução para o seu problema. Descobriria Carolina através da lógica - não a sua lógica, mas uma lógica superior. Usaria um computador para encontrá-la, um computador Batista.
A ironia proporcionou uma intensa satisfação a Roberto. Pegou um telefone, fez os acertos necessários, e uma hora depois estava na seção de computação da fábrica Batista, conversando com o operador. Roberto explicou exatamente o que queria, e o operador começou a trabalhar, fornecendo os dados ao computador.
Roberto descreveu os hábitos de Carolina, os hobbies, as coisas de que a garota gostava, as que detestava. Haviam jogado xadrez muitas vezes, e Roberto sabia como a mente da sobrinha funcionava, como ela pensava, como reagia. Isso também foi transmitido ao computador.
- Pode voltar dentro de duas, Sr. Sato - disse o operador - Terei todas as informações de que precisa.
- Está certo.
Roberto levantou-se, deixou a sala. Vagueou pela enorme fábrica, pensando: Isto tudo é meu. E também as outras fábricas Batista, espalhadas pelo mundo. Tudo lhe pertencia. Por direito. Tivera alguma dificuldade com Angela, mas acabara por convencer a esposa de que era certo o que estava fazendo.
Não lhe contara que a morte de Higashi fora acidental. Dissera que Carolina o assassinara e isso ajudara a convencer Angela ainda mais.
Cometera um erro ao comunicar às autoridades que Carolina assassinara Higashi. Só fizera isso porque precisava da ajuda da polícia para localizar a garota o mais depressa possível. Mas tinha tinha reservas a respeito. Não queria Carolina nas mãos da polícia. Queria-a à sua mercê. Por isso, contratara o detetive particular, que lhe entregaria a garota pessoalmente. E desta vez não haveria erros. Os computadores não cometem erros,
Duas horas mais tarde, Roberto voltou à sala de computação. O operador anunciou:
- Deixei tudo preparado. Todas as informações de que precisa estão aqui.
- Bom trabalho. Obrigado.
- Não foi nada, Sr. Sato.
Roberto retornou à sua sala e estudou o impresso de computador com extrema atenção. Todos os hobbies, preferências e aversões da sobrinha estavam relacionadas ali. Carolina gosta de hambúrguer e pizza. Detetives particulares vigiariam esses lugares. Carolina gostava também de fliperama. As lojas de fliperama seriam vigiadas. Gostava de boliche. Sua foto seria distribuída em todas as pistas de boliche. Adorava filmes americanos de cowboy e filmes italianos. Os cinemas  que exibissem tais filmes seriam investigados. Detetives particulares ficariam atentos em todos os aeroportos, estações ferroviárias e rodoviárias. Não haveria como Carolina deixar a cidade. O computador a encurralaria.
Roberto encontrou dois itens muito interessantes ao final do impresso. Caso o alvo consiga escapar de Nova York, as maiores probabilidades estatísticas de destino serão Los Angeles ou São Francisco.
Roberto refletiu sobre os dois últimos itens por um longo tempo. Recostou-se na cadeira, pensando, fazendo um jogo de xadrez mental com Carolina.
Imaginou-se na posição de Carolina. Se fosse Carolina, qual seria seu próximo movimento? Como sairia de Nova York? E, subitamente, Roberto encontrou a resposta que procurava. Era muito simples. Ajudaria Carolina a escapar. Colocaria um anuncio falso no jornal, dizendo que uma senhora não pode dirigir apesar de ter um carro, por causa da idade. E então está a procura de alguém que possa dirigir para ela com destino rumo a Los Angeles.

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