A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 37 - Estúdios da Universal.

Charles também não conseguia dormir. Deitado no escuro, ficou se revirando na cama, até que não conseguiu mais aguentar. Vestiu um chambre e foi para a cozinha. Fez um café que não queria tomar, sentou-se à mesa para beber, pensando no que deveria fazer. Naquela tarde, ouvira os rumores mais incríveis na fábrica Batista. 
- Sabia que estão dizendo que a garota que trabalhou aqui era Carolina Batista? - comentara o homem a seu lado na linha de montagem - Ouvi dizer que o Sr. Sato é o novo dono.
E Charles experimentara um pequeno choque. O detetive dissera a verdade; e se dissera a verdade sobre isso, era possível que o resto de suas palavras também fosse verdadeiro, que a vida de Carolina corria perigo e que ela morreria se o tio a encontrasse antes da polícia. E a culpa seria dele. Por outro lado, não podia ser um ardil? E se o tenente Matt Brannigan quisesse prender Carolina para levá-la a julgamento por homicídio?
Chaz olhou para o telefone, sem saber o que fazer, consciente apenas de que estava em suas mãos a vida de uma pessoa de quem muito gostava. Pegou o cartão que o detetive lhe dera. Se você se lembrar demais alguma coisa, telefone-me por favor. Por duas vezes ele estendeu a mão para o telefone e depois mudou de ideia. Não ousava cometer um erro. Quem eram os amigos de Carolina e quem eram os seus inimigos? Chaz estava preocupado, desde o dia da fuga de Carolina com Justin, não sabe onde o rapaz se meteu e muito menos onde se localizam. 
[...]
Pela manhã, Carolina deixou a mansão na companhia de Kenny e procurou um telefone público. Havia a chance de poder usar o celular de Kenny, mas as chamadas poderiam ser localizadas. Ligou para as Indústrias Batista, e a ligação foi transferida para o gabinete de Eduardo Hidaka.
- Telefonei ontem - disse Carolina - Preciso falar com o Sr. Hidaka com a maior urgência, e tive a esperança de que ele pudesse ter voltado mais cedo.
- Sinto muito, mas só amanhã - informou a secretária.
Portanto, haveria mais outro dia perdido. 
- Se quiser deixar algum recado...
- Não, obrigada. Voltarei a ligar amanhã.
Carolina teria de encontrar um meio de permanecer escondida por mais um dia. Dentro de 24 horas, porém, o pesadelo acabaria.
Visitarei os estúdios da Universal. Posso me perder no meio da multidão ali, Justin não ficaria bravo por eu ir sem ele! Ele mesmo antes de dormir avisou que teria que ir resolver um problema hoje. 
[...]
Todos esperavam pelo GlamourTram, centenas de turistas do mundo inteiro, ansiosos em conhecer os estúdios da Universal. Carolina pediu para que Kenny a deixasse no parque e fosse se distrair com outra coisa. Mas no mesmo instante que Kenny deixara a menina descer do carro, Justin ligou. 
- Fala bro.
- Man cade a Carolina?
- Acabei de  deixá-la aqui nos estúdios da Universal, por quê?
- O QUE? VOCÊ ESTÁ LOUCO? PROCURA ELA AGORA E A PERSIGA DE LONGE, IMEDIATAMENTE, NÃO A PERCA DE VISTA E SE NÃO ACHÁ-LA EU TE MATO KENNY! 
Justin desligou o telefone na cara de Kenny, o rapaz saiu desesperado do carro e foi a procura de Carolina. Havia alemães, italianos, franceses, japoneses e suecos, todos falando sem parar, em suas línguas nativas.
Carolina se encontrava no meio da multidão à espera, sentindo-se segura. 
- Vamos embora, pessoal - disse uma guia - Embarquem no GlamourTram e tomem seus lugares. Nossa aventura está prestes a começar.
O GlamourTram consistia em três bondes ligados, pintados de laranja e branco, com uma cobertura de metal listrada, os lados abertos. Carolina embarcou e sentou-se fazendo com que Kenny a perdesse de vista em sua corrida, totalmente esbaforido. Deu uma olhada nos passageiros ao redor, mas ninguém parecia interessada nela. Partiram, e a guia, uma jovem atraente, começou a falar:
- Sejam bem-vindos aos estúdios da Universal. Até agora, vinte e seis milhões de pessoas já nos visitaram, e nos sentimos felizes em tê-los conosco hoje. A Universal foi fundada em 1915, quando Carl Laemmle...
Carolina não prestava atenção ao que ela dizia. Observava as cenas incríveis nas proximidades. Viu atores passando, vestidos como cavaleiros em armaduras, moças de biquíni, homens em trajes de cowboy. O bonde fez a volta num terreno em que havia uma mansão do velho Sul. A frente da mansão era espetacular, mas, quando o bonde passou por trás, Carolina constatou que não havia nada ali, apenas estacas escorando a fachada.
O bonde atravessou uma ponte de madeira, que começou a desabar quando se encontravam no meio, assustando todos os passageiros. Mas quando chegaram ao outro lado, sãos e salvos, a ponte retornou à posição original. 
Passaram por um lago de aparência serena, com uma aldeia ao fundo.
- Aquela é Amityville - informou a guia, apontando em seguida para alguma coisa no meio do lago - Olhem ali! 
Todos os olhos se viraram para uma coisa que deslizava na direção do bonde. 
- É o tubarão!
O enorme tubarão mecânico passou em disparada pelo bonde. Desapareceu na água e, um momento depois, atacou a figura de um pescador num bote, derrubando-o no lago. Carolina assistira a Tubarão, e gostou de apreciar o pequeno drama.
Aproximaram-se de outro lago, e o bonde avançou direto para a água. Todos os passageiros começaram a ficar nervosos.
- Este é o Mar Vermelho - explicou a guia - Vai se abrir para vocês.
Quando o bonde alcançou a beira do lago, as águas se abriram à sua frente, para lhe dar passagem,  de uma forma quase milagrosa. 
- Este é um genuíno milagre eletrônico, que exige que cento e sessenta mil litros de água sejam drenados em menos de três minutos, num lago com duzentos metros de comprimento, cinquenta de largura e três de profundidade. É uma travessia muito mais confortável no GlamourTram do que nos tempos bíblicos. 
No decorrer da manhã, Carolina viu dublês saltarem de prédios em chamas, participou da Batalha da Galáxia, com robôs disparando raios laser contra ela e outros visitantes, passou por uma avalanche numa geleira e foi ao camarim de Robert Wagner.

Nenhum comentário:

Postar um comentário