- O que você faz aqui? – A frase saiu em fio
de voz. Eu esperaria qualquer outra pessoa na porta do meu quarto, exceto ele.
- Por que não me contou? Por que não me avisou
que está em Los Angeles?
- Não lhe devo satisfações. Vá com calma!
Ele parece me analisar.
- Passou o dia todo aqui, nesse quarto,
chorando?
- Foi uma das opções que me restaram. A não
ser que eu saísse ou aparecesse na varanda do quarto para ser alvo de
incontáveis cliques de paparazzi. Enquanto tento processar a ideia e o fato de
estar grávida de você, Justin Bieber.
- Precisamos conversar. – Pelo tom de voz,
Bieber aparenta não estar nada bem.
- Já que por conta própria se convidou para
entrar, por favor, feche a porta. O mundo todo já sabe demais, não precisa que
saibam cada vírgula da nossa conversa. - Digo ríspida, tentando parecer forte.
Não posso ser fraca em um momento deste. Ele precisa ver que sou forte!
As luzes que estavam apagadas, deixando o
quarto ser iluminado pela luz da lua e pelas imagens da televisão, foram acesas
por ele. Eu me mantive coberta, na cama, vendo-o se aproximar de mim e sendo
pega de surpresa ao ver o quanto Bieber está acabado. Igual a mim, com os olhos
vermelhos, rosto inchado e aparência de que fora atropelado por um caminhão.
Observei-o sentar-se na cama, encolhi minhas
pernas dando espaço para ele. Ajeitei minha posição. E então senti meu mundo
deslizar assim que vi nitidamente o péssimo estado em que ele se encontra.
- O que você quer conversar? – Pergunto
receosa.
- Por que não me ligou? Por que não me contou?
Tem... – Ele hesita. – Tem certeza de que é meu? - E então a raiva sobe e me
sinto ofendida.
Rio amarga, sem humor algum, sendo completamente
sarcástica.
- Acha que eu afirmaria que você é o pai mesmo
se não fosse? Acha mesmo que eu passaria por toda essa humilhação por causa de
uma mentira? O que você quer insinuar? – Nego com a cabeça. – Foi exatamente
por isso que eu não lhe procurei. Porque por mim você jamais saberia que estou
gravida. Você não precisa e não ira assumir esse filho. E não ouse nunca mais
insinuar que esse caso possa ser algo parecido com o que passara com Mariah
Yeater. – Recordo-me então do antigo caso de Mariah Yeater, a fã que alegava
ter um filho de Justin.
- Me desculpe, eu não queria insinuar isso.
- Porém insinuou. Eu não preciso que venha
aqui e me faça sentir pior do que já tenho me sentido todos esses dias. Já pode
voltar pelo caminho que veio, para a sua vida agitada. Finja, por favor, que
nada aconteceu entre nós. Tudo bem? Porque a ultima coisa que eu desejo é ter
que passar por coisas piores do que já estou. E não se preocupe, não teremos
esse filho. Pode dar qualquer desculpa que você quiser, de que eu perdi o bebe
em algum acidente, o que você quiser. Só não se preocupe. – Digo ríspida. E ele
me olha com reprovação, com um dos olhares que eu jamais desejaria que Justin
me olhasse. Nojo é uma das palavras que descreve o que ele esteja sentindo por
mim neste momento, mas na hora da raiva dizemos coisas que não devemos e tudo o
que quero é ser forte. Ou pelo menos parecer forte.
Fiquei olhando para o rosto dele, mais
precisamente dentro dos olhos dele. Vejo seus olhos marejarem, sua expressão de
desgosto e decepção se mantém. Tudo o que desejo é sentar em seu colo e
acolhe-lo em meus braços, dizer que tudo irá ficar bem, impedir que qualquer
lágrima desça de seus olhos. Desejo ataca-lo com um abraço apertado, pedir que
fique essa noite comigo para que eu possa usar seus braços como refugio de paz.
- Não vou e não conseguirei ir embora sem ter
uma conversa descente com você. Acha que foi fácil vir aqui? Acha que foi bom
ver sua feição assustada em todas as fotos dos paparazzi? Acha que eu me senti
como, assim que descobri que você, justo você, está grávida?
- Chega. – Peço. – Chega, chega, chega, chega.
— Altero meu tom de voz, deixando-me sair dos trilhos e ficar descontrolada.
Levanto-me da cama e fico andando de um lado
para o outro com as mãos na cabeça, desejando a cada segundo que tudo não passe
de um terrível pesadelo. Justin não tira seus olhos de mim um segundo sequer e
isso me mantém aflita. Por um segundo de coragem, olhei-o e pensei que fosse
desabar. Por um segundo desejei entregar-me, sentar em seu colo como uma
criança, chorar litros e litros d’água, e por fim contar tudo o que eu
realmente desejo. Desejo ter essa criança, desejo que ele seja um verdadeiro
pai, um dos melhores pais que esse filho poderia ter. Eu desejo que sejamos uma
família feliz, que possamos viver juntos e que acima de tudo nós nos amemos
imensamente.
Mas a fraqueza ganhou de toda e qualquer
resquício de coragem que havia em meu corpo. Deixei-me tomar pelo fracasso,
encostei-me a parede gélida escorrendo pela mesma até parar sentada no chão.
Encolhi as minhas pernas, chorando e tremendo.
- Irei abortar. Não há mais nada com o que se
preocupar. - As palavras saem por si só da minha boca. – Daqui alguns dias a
mídia irá aquietar-se e sua fama irá voltar ao normal, sem nenhum escândalo
para incomodar lhe.
- Não, você não vai abortar. – Justin diz
firme, encarando-me.
- Não começa. – Nego com a cabeça, chorando
cada vez mais. – Quem está carregando isso sou. – Aponto para a minha barriga. –
Quem terá nove meses pela frente serei eu. Quem terá que cuidar será eu. Quem
terá que assumir toda e qualquer responsabilidade será eu, só eu. E ninguém
mais. Será que você não entende? - E dos olhos dele escorreram lágrimas.
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