A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 31 - Graças ao Jerry.

Assim que Roberto soubesse que Carolina escapara, as ruas ficariam fervilhando de homens à sua procura. Roberto tinha toda a fortuna Batista à sua disposição, e gastaria cada centavo necessário para remover o último obstáculo em seu caminho. Nunca se sentira tão sozinha em sua vida. Não, não estava totalmente sozinha. Havia Eduardo Hidaka, em Los Angeles.
Carolina pensou e sonhou com os bons tempos que haviam partilhado, ao longo dos anos. O pai de Carolina confiava em Eduardo. Mas como alcançá-lo? Não podia explicar a situação pelo telefone. Precisava de alguma forma se encontrar com ele pessoalmente.
A garota despertou no frio do ar condicionado, as pernas arrepiadas, e lembrou do sonho. Não fazia ideia de quanto tempo dormira. Justin estava dirigindo ao som de uma musica conhecida, por um segundo ele lançou um olhar para as pernas de Carolina, mordendo os lábios.
- Eu vi isso. - disse ela.
- Hã? - o rapaz se assustou - Viu o que?
- Seus olhos mastigando minhas pernas!
- Imagina, eu não faria uma coisa dessas.  
- Cof cof - Carolina tossiu falsamente de modo sarcástico, tornando motivo da risada de Justin.
- Dormiu bastante hein mocinha? 
- Sério? Desculpa é que estava e ainda estou exausta.
- Fica tranquila, não tem problema. Durma o quanto quiser. 
- Sabe, eu não vou conseguir relaxar enquanto não conseguir acabar com esse pesadelo. 
- Logo estaremos em Los Angeles e tudo vai ser resolvido.
- Se Deus quiser, logo estará tudo resolvido. 
O silencio dominou o carro após a ultima fala de Carolina. Avistaram logo a frente um posto de gasolina, onde Justin deu ideia de parar para comprar algo para comerem, e depois seguir viagem até o próximo hotel. 
Carolina ficara no carro esperando Justin comprar as coisas dentro da loja de conveniência. Quando o tédio estava exalando na companhia da garota no carro, finalmente o rapaz chega com algumas sacolas em mãos. 
[...]
Ao final daquela tarde, no norte do estado de Nova York, na cidadezinha de Wellington, o tenente Matt Brannigan se encontrava sentado à sua mesa, examinando um relatório de assalto, quando um detetive entrou na sala e indagou:
- Tem um minuto, Matt?
Brannigan levantou os olhos, espreguiçou-se. Estava de serviço desde as oito horas daquela manhã, sentia-se exausto, ansioso em voltar para casa.
- Não pode esperar até amanhã, Jerry? Cathy vai me matar se eu me atrasar de novo para o jantar.
O detetive hesitou.
- Claro. Voltarei a procurá-lo pela manhã.
Ele virou-se para sair.
- Espere um instante - disse Matt Brannigan - Qual é o assunto?
- Lembra daquele jato Silver Arrow que caiu aqui perto, há cerca de duas semanas?
O tenente Brannigan recordava muito bem. Quatro pessoas haviam morrido. Eike Batista, a esposa e os dois pilotos.
- Claro que lembro. O que há com ele?
- Parece que não foi um acidente.
Brannigan ficou aturdido.
- Como assim?
- Acabamos de receber um relatório preliminar da Administração Federal de Aviação. Os tanques de combustível estavam cheios de água. Aquelas pessoas foram assassinadas.
Matt Brannigan sentiu um calafrio súbito percorrer seu corpo. 
- Isso é definitivo? 
- Não há mais qualquer dúvida. Alguém sabotou aquele avião. Se os tanques de combustível não tivessem sido adulterados, o piloto teria escapado da tempestade. 
Jerry continuou a falar, explicando os detalhes do relatório, mas o tenente Brannigan já não escutava. Recordava a jovem Carolina, ouvia a sua voz: Meus pais morreram num acidente de avião. Herdei a companhia de meu pai. Meu tio está querendo tirá-la de mim. Precisa me matar para conseguir isso.
Na ocasião, Brannigan tivera certeza de que era invenção de uma adolescente fugitiva, viciada em drogas, com problemas de família. Telefonara para o tio da garota, e vira o tio e o motorista levarem a garota. Sentira pena de Carolina. Parecia uma jovem simpática e inteligente. 
Recordou sua surpresa mais tarde, quando Roberto ligara para dizer: Minha sobrinha assassinou nosso motorista. A polícia precisa encontrá-la, antes que a garota mate mais alguém. Algo parecera errado naquele momento. O tenente Brannigan orgulhava-se de ser um bom juiz de caráter. Como poderia ter se enganado tanto sobre a jovem? Mas fora investigar e acreditara na história de Roberto Sato.
Só que aquela nova informação mudava tudo. Se alguém planejara a queda do avião, tinha de haver um motivo. E não havia motivo maior do que as gigantescas Indústrias Batista. E se Carolina estivesse dizendo a verdade? Neste caso, Brannigan pusera em perigo a vida da jovem.
Ele continuou sentado, arrumando mentalmente as peças do quebra-cabeça. Precisava de muitas respostas, e precisava depressa. Levantou os olhos para Jerry.
- Quero que você investigue as Indústrias Batista. Quero saber quem tinha o controle acionário quando Eike Batista era vivo e quem manda na companhia agora. Fale com o advogado da família. Quero as respostas na minha mesa pela manhã.

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