A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 39 - Sr. Eduardo Hidaka!

Carolina tirou a fantasia de palhaço num banheiro público, removeu a maquiagem  do rosto. Sabia que os homens de Roberto Sato espalhavam-se por toda parte agora, à sua procura. Teria de ir para um hotel e não sair do quarto até a manhã seguinte, quando poderia telefonar para Eduardo Hidaka. Pois não poderia voltar para o ponto de encontro que combinara com Kenny, os homens certamente a encontrariam. Não sabia como iria entrar em contato com Justin.  A busca seria a área de Hollywood, e por isso Carolina pegou um ônibus para Glendale, registrou-se num pequeno hotel ali.
Mal podia esperar pela chegada da manhã, quando tudo acabaria. 
[...]
Roberto Sato não se perturbou pelo fato de Carolina ter se esquivado a seus homens mais uma vez. No xadrez, não era o xeque que contava, mas sim o xeque-mate. A sobrinha se mostrara esperta, mas não o bastante. Contava com Eduardo Hidaka para salvá-la, porque não tinha mais ninguém a quem pudesse recorrer. Mas Eduardo Hidaka, no final das contas, era um empregado e acataria as ordens de seu patrão. Roberto Sato. 
Roberto usaria Hidaka para preparar a armadilha contra Carolina. 
Quando chegou a Los Angeles, Roberto soube que Hidaka viajara.
- Telefone para ele - ordenou Roberto à secretária de Hidaka.
- Pois não, Sr. Sato.
Roberto esperou na sala de Hidaka, fumando um charuto havana, que tirara da caixa em cima da mesa.
- O Sr. Hidaka está na linha - informou a secretária.
Roberto pegou o fone. 
- Hidaka?
- Bom dia, Sr. Sato. Não sabia que planeava vir á Califórnia, ou ficaria esperando para recebê-lo. Eu...
- Onde você está agora?
- Na Arizona, procurando um local para uma nova fábrica. Será...
- Quando voltará a Los Angeles?
- Planejava volta na sexta-feira, manhã, mas ainda não concluí os negócios aqui. Só devo voltar na segunda.
- Nada disso. Deve estar aqui amanhã.
- Certo, Sr. Sato.
- Mandarei um avião da companhia buscá-lo.
- Obrigado. - Eduardo hesitou por um instante e depois acrescentou: - Lamentei muito ao saber da morte do Sr. Batista.
- Foi muito triste para todos nós. Ele era um grande homem.
- Era mesmo, e também um grande amigo. Sentirei saudade. Carolina está em sua companhia?
- Espero vê-lo amanhã. 
Roberto desligou, recostou-se na cadeira, na maior satisfação.
Xeque-mate.
Eduardo Hidaka era um homem preocupado. Havia coisas desconcertantes acontecendo. Amava Eike Batista e sua esposa, lamentava suas mortes. Carolina era quase como uma filha para ele, mas vinha recebendo notícias confusas sobre a garota. Havia algo errado. Primeiro, o telefonema de Roberto Sato, ordenando-lhe que voltasse a Los Angeles. Depois, um segundo telefonema ainda mais surpreendente. 
Havia coisas ao seu redor que ele não compreendia, mas tinha certeza de que eram terríveis. 
Marcara um encontro, e era com temor que aguardava o momento. 
[...]
Às nove horas da manhã seguinte, Carolina telefonou de seu quarto. Não tinha mais importância se a chamada fosse localizada. Era tarde demais para se preocupar com isso. Ia se por à mercê de Eduardo Hidaka. Não lhe restava mais qualquer lugar em que pudesse se esconder.
Carolina discou, e um momento depois foi atendida pela voz agora familiar da secretária de Eduardo Hidaka. 
- Gabinete do Sr. Hidaka.
- Telefonei antes. O Sr. Hidaka já voltou?
- A quem devo anunciar, por favor?
- Diga-lhe que é Carolina.
- Um momento, por favor.
E logo a voz de Hidaka entrou na linha: 
- Carol meu anjo!
Carolina experimentou um súbito sentimento de alegria. Finalmente! 
- Oh, Sr. Hidaka, preciso vê-lo agora mesmo. Podemos nos encontrar em algum lugar?
- Claro. Venha ao meu escritório.
Carolina hesitou. Teria preferido que o encontro fosse em outro lugar. Era bem provável que estivessem vigiando a fábrica. Teria de tomar o maior cuidado. Sabia que se cometesse mais um erro seria o último. 
- Já falou com meu tio Roberto? - indagou ela, cautelosa. 
Houve uma pausa quase imperceptível. 
- Não, ainda não - respondeu Eduardo.
Carolina se surpreendeu. Calculara que Roberto já deveria ter entrado em contato com o Sr. Hidaka. Mas Carolina confiava naquele homem. Entregaria sua vida nas mãos dele.
- Está bem. Irei ao seu escritório. Gostaria de lhe falar o mais depressa possível. 
- Venha agora. 

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