A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 34 - Hollywood.

Durante a viagem de seis dias, Carolina passara a conhecer bem Justin. Ouvira falar de seus pais, avós e irmãos, adquirira uma noção da vida de como é ser um agente do FBI e até mesmo dos casos mais importantes e difíceis que Justin fizera. Carolina teve total certeza de que seriam bons amigos, dentro de si, a garota sabia que no fundo estava começando a sentir uma pequena atração pelo rapaz.
Está atração começou desde o dia em que se conheceram pela primeira vez, mas agora que já se conhecem, que sabem da vida um do outro, a relação tornou-se mais intensa. Pareciam amigos de longa distancia. Justin havia rido de algumas tentativas de Carolina de pronunciar certas palavras.
- Você tem de trabalhar os erres - comentara Justin - Faz com que soem como eles. Por exemplo, quando tenta dizer arroz, sai como aloz.
Carolina especulara como ele se sairia se tentasse falar português, mas dali por diante procuraria ser mais cuidadosa na pronúncia das palavras.
À medida que se aproximavam dos prédios do centro de Los Angeles, Justin comentou:
- Estamos dentro do horário.
O carro deixou a estrada e virou na San Pedro Street. Minutos depois, entraram num enorme posto de gasolina. Justin parou o carro para que Carolina pudesse comprar algo para os dois comerem, na loja de conveniência. 
Carolina desceu do carro, deixando Justin a sua espera dentro do veículo. Enquanto caminhava até a loja resolveu ir ao banheiro primeiramente. E o banheiro ficava um pouco mais distante, do lado oposto de onde o carro de Justin estava, no outro lado do posto.
A dez metros de distância, um trabalhador japonês descarregava aparelhos de televisão Batista de um caminhão. Parou para observar Carolina entrar e sair do banheiro. Fitou-a por um longo momento, depois tirou uma foto do bolso. Tornou a olhar para Carolina, a fim de se certificar de que não estava enganado. Depois, encaminhou-se apressado para um telefone público atrás do caminhão. Discou para a telefonista e disse:
- Quero fazer uma ligação para Nova York, pessoa a pessoa, Sr. Roberto Sato.
Carolina fez sossegadamente a compra de salgadinhos na loja de conveniência, quando estava saindo da loja, olhou para seu lado esquerdo para verificar-se de que não vinha nenhum carro em sua direção, para que pudesse passar. E então viu o caminhão das Indústrias Batista, analisou rapidamente o local e não viu ninguém observando-a. Apressou seus passos para o carro, tentando ser discreta. 
- JUSTIN SAIA IMEDIATAMENTE DAQUI! 
O rapaz sem questionar, ligou o veículo e saiu do local.
- O que aconteceu?
- Vi um caminhão das Indústrias Batista do outro lado do posto. Estou com medo, e se alguém me viu?
- Você viu alguém te observando, algo do tipo? 
- Isso eu não vi, mas e se me viram? Ah meu Deus, não, não pode ser! Não agora, o que eu vou fazer se meu tio descobre que estou aqui em Los Angeles? Minha salvação irá por água a baixo. 
- Calma, calma Carol! Mantenha a calma, vai dar tudo certo. Fica tranquila, pior seria se você estivesse sozinha. 
- Mas e se me viram saindo do seu carro? E se...? 
- Shhhiu, não pensa negativo Carol. Eu estou com você, nada vai dar errado. 
Permaneceram três minuto em silêncio, logo Justin quebrou o gelo:
- Vamos dar uma volta antes de irmos para casa?
- Ah Justin não sei se é uma boa ideia, agora que isso aconteceu...
- Ei calma! Los Angeles é imenso, o posto ficou para trás, não tem ninguém nos perseguindo aqui. Vamos sim, vamos descontrair. 
- Tudo bem então. - suspirou ela - Mas, como assim você disse casa?
- Eu tenho uma casa aqui em Los Angeles, te contei isso na viagem. 
- Ah sim, verdade! Tinha me esquecido.
[...]
Hollywood não era nem um pouco como Carolina imaginara. Sempre pensara no lugar como o auge do glamour. Era a terra de John Wayne, Humphrey Bogart, James Cagney, Cary Grant, Charlie Chaplin. A realidade foi um desapontamento. É verdade que encontrou os nomes de artistas lendários nas calçadas da cidade. Lá estavam Marilyn Monroe, Greta Garbo, Clint Eastwood e Bruce Lee. Mas o Hollywood Boulevard era sujo e malcuidado, margeado por pequenas lojas de fliperama, pizzarias, cabines de astrologia e bares ordinários. Pelo menos não haverá ninguém à minha procura aqui, pensou Carolina. 
Entraram numa drugstore em que havia uma cabine telefônica e perguntou à moça atrás do balcão:
- Com licença, mas pode me explicar como faço para descobrir o número de um telefone?
- Disque Informações. 411.
Simples. Como em Nova York.
- Obrigada.
Justin até ofereceria seu celular para que Carolina pudesse realizar a ligação assim que ela descobrisse o telefone que queria, mas poderia ser rastreado e todo o plano de fuga de Carolina seria descoberto. 
Carolina entrou na cabine telefônica, discou 411. Uma voz disse:
- Informações. Posso ajudá-lo?
- Pode, sim, obrigada. - respondeu Carolina - Preciso saber o número da fábrica Batista. Fica em North Hollywood.
- Pode soletrar o nome, por favor?
Carolina soletrou. Poucos momentos depois a telefonista informou o número. 

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