Acordei sentindo que uma grande carreta havia
passado por cima de mim. Layla havia ido para o quarto dela, pois me encontrei
sozinha. Assim que me vi no reflexo do espelho, senti-me constrangida. Meu
rosto está péssimo, minha aparência está nada agradável, há grandes olheiras
denunciando que eu havia chorado quase a madrugada inteira.
Após tomar um banho longo e demorado na
expectativa de relaxar, olhei a bela vista da minha varanda e contemplei o sol
que irradia sem dó de ser lindo lá fora. Eu não posso passar outro dia chorando
no meu quarto, eu irei surtar por me manter presa aqui. Não posso ficar
sozinha, sinto que a qualquer momento morrerei com os meus próprios
pensamentos. Overdose de pensamentos.
— Arrume-se. Iremos passar o dia na praia. —
Avisei Layla assim que a mesma atendeu ao telefone.
— O que aconteceu com a garota triste que só
pensa em passar o tempo trancada e dormindo para não chorar o tempo todo?
— Acordei inspirada em ser um alguém melhor.
Não posso deixar que eu me sinta da forma como querem.
— Agora eu gostei de ver. Encontre-me no
restaurante do hotel, iremos tomar café da manhã juntas.
“Não deixe que nenhum paparazzo estrague o seu
dia”, repito tal frase a cada segundo em minha mente para que eu me convença
completamente de não desistir de sair do hotel.
Ao sair do elevador, encontrando-me no saguão
a caminho do restaurante, vejo Trevis o segurança, aparentemente indo embora e
não mais vestindo seu uniforme.
— Trevis! — O chamei.
— Bom dia Srta. Hágata. — Trevis veio até mim.
— Bom dia. — Sorrio para ele, sentindo-me um
pouco sem graça. — Eu gostaria de agradecê-lo por toda a ajuda e me desculpar
pelo susto de ontem.
— Não há de quê. — Trevis sorri. Seu sorriso é
bonito.
— Hm. — Penso. — Eu e Layla estamos indo tomar
café da manhã, quer nos acompanhar? — Convido-o a fim de retribuir-lhe todo seu
esforço ao ter me ajudado.
— Eu adoraria ir, Srta. Hágata. Mas já estou
de saída e tenho compromisso. Obrigado, podemos deixar para outra hora. —
Trevis sorri e sorrio para ele de volta.
— Tudo bem. Até mais!
— Até. — Trevis dá-me as costas. — Ah, e
cuide-se. — Ele se vira novamente para mim e pisca. — É meu dia de folga, então
não estarei aqui para salvar sua vida. — Rimos e eu aceno.
Surpreendo-me ao chegar até as mesas postas na
areia, as mesmas que passamos o dia com Alfredo, e encontrar Layla já sendo
servida por uma atendente. Não era para eu estar esperando por ela e não ela
por mim? Que rápida.
— Bom dia. — Cumprimento-a.
— Bom dia.
— Você foi rápida ou eu que demorei? —
Pergunto confusa.
— Eu já estava pronta, iria acordá-la assim
que me ligou. — Sorrio.
— Já comentamos o quanto aquele rapaz que nos
ajudou ontem, é gatinho?
— Não, mas não deixei de pensar o mesmo. —
Layla ri e eu a acompanho.
— Obrigada por ter chamado justo ele para
fazer a respiração boca a boca. — Rimos.
— Não fui proposital, eu juro. Apenas o vi no
corredor e gritei sem parar, como se eu tivesse visto os Jonas. — Rimos e
reviro os meus olhos. — O que é? Se você engravidou do Justin Bieber, eu também
posso sonhar em encontrar um dos Jonas perambulando atoa no mesmo hotel que o
meu. — E então eu rio, pela primeira vez, da piada feita da minha vida.
É, pelo visto hoje será um dia diferente.
Chequei meu celular por um segundo e as notificações não param de chegar, que se danem, logo penso. Depois de
terminamos nossa refeição, eu fiz questão de sair em disparada até o
salva-vidas deixando Layla para trás. Ao se aproximar, minha melhor amiga me
olha sem entender.
— Era uma corrida?
— Era, e você perdeu feio.
— Veremos. — Layla começa a tirar sua saída de
banho.
— Moço. — Chamo pelo salva-vidas.
— Sim? — Ele me responde.
— Pode por gentileza, cuidar das nossas
coisas?
— Eu não posso fazer essas coisas, mas hoje
quebro o seu galho. — Ele pisca. E o agradeço mentalmente enquanto tento
ignorar alguma chance dele ter me cantado indiretamente.
— Obrigada.
Layla e eu estávamos somente de biquíni,
prontas para invadir o mar quando ela sai correndo na minha frente, trapaceira,
penso e rio. Há duas idiotas correndo em direção ao mar, de biquíni e essas
duas idiotas sou eu e a minha melhor amiga, pois não poderia ser diferente.
Lanço-me exausta da corrida, na água assim que a alcanço após perder por
milímetros de distancia para Layla.
— Você é péssima. — Layla diz em meio a
gargalhadas.
— Você é mais. — Acompanho-a nas gargalhadas,
eu estava precisando disto.
E os paparazzi? Todos de plantão. Estavam
ansiosos para a minha aparição para bombardear-me com seus incontáveis cliques
por segundo. É constrangedor pensar que há estranho te seguindo e te
fotografando, não só pelo fato de que haverá fotos totalmente embaraçosas, mas
também pela falta de privacidade. É terrível.
Após pegar nossas coisas com o salva-vidas,
estendamos nossas toalhas na areia e deitamos nas mesmas a fim de pegar um
pouco de sol. Layla mantém-se com o rosto tampado por seu chapéu e eu
mantenho-me distraída com um livro que trouxe. Victor, meu empresário, entrou
em contato comigo e avisou-me que chegaria de tarde e que já fez reserva no
mesmo hotel que o meu. Deixo o livro de lado por alguns segundos e fico a
contemplar o barulho do mar, das aves e das pessoas rindo e se divertindo ao
redor. Respiro fundo e solto um longo suspiro, tentando absorver todas as boas
energias que há.
— Isso está me incomodando demais. — Layla
comenta quebrando nosso silencio, fazendo-me olhar para ela.
— O que?
— Os paparazzi. — Seus olhos estavam distantes.
— Com o tempo nos acostumaremos. Não será
fácil, apenas ignore-os.
— Será? — Layla me olha e sorri. — Por que não
nos divertimos com eles? — O sorriso dela se amplia, há algo por trás deste
sorriso.
— Do que você está falando?
— Você é modelo, eu também, o que uma modelo
tanto aprecia além de desfilar?
— Lentes. — Digo.
— Então!
— Não se trata de fotos normais, Layla, estas
irão rodar o mundo e sabe lá Deus o que irão dizer a respeito.
— Não seja boba. Quem é que liga para o que os
outros irão pensar?
— Você não bate bem das ideias. — Nego com a
cabeça, rindo da ideia louca proposta por ela.
— Você também não. — Rimos juntas. — Mudando
de assunto, iremos sair hoje a noite.
— Não parece má ideia.
— E não é. Você disse que está inspirada hoje
em ser alguém melhor, então que seja.
— Aonde você quer ir então?
— A melhor boate de Los Angeles nos aguarda.
Exchange LA. — Layla anuncia como se fosse algo glorioso e eu rio do seu jeito.
— Se você diz, então, nós iremos.
Levantei-me para ir até um homem que vende
água de coco, milho, sorvetes e outros. Comprei dois cocos para mim e para
Layla. Sentadas tomando nossa água de coco e desfrutando do momento juntas
dando um grande foda-se para o mundo todo que me julga sem parar nas redes
sociais, ouço alguém gritar por nós duas.
Automaticamente viramo-nos para a direção da
onde vinha o som chamando por nós. Alfredo era o portador da voz que nos
chamava, assim que o vi saí correndo em sua direção e ele começa a fazer o
mesmo até mim. Ao nos aproximarmos somos acolhidos um pelo abraço do outro e eu
rio ao ser girada no ar, é tão bom tê-lo.
— Eu estava por aqui e pensei em ir até o
hotel encontra-las. — Alfredo nos conta.
— Que bom vê-lo. — Layla diz após
cumprimenta-lo.
— Vejo que estão bem.
— Estamos. — Digo. — É preciso. — Alfredo
concorda.
E logo atrás de Alfredo, seu amigo surge vindo
até nós. Justin. O que ele faz aqui? Oh Deus.
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