BELIEVE TOUR. Capítulo 12 - Frozen, paralyzed.

- Rafaella vendeu para um tabloide todas as informações sobre o seu caso com Justin. Inclusive vídeos e gravações de áudio do escritório dela, todos os arquivos provam que o seu teste deu positivo.
As lágrimas desceram automaticamente dos meus olhos e começaram a trilhar as maçãs do meu rosto. E uma questão ronda a minha cabeça, como Rafaella pôde ter sido tão suja a ponto de quebrar o meu voto de confiança e vender todo o meu segredo? Como ela pôde? Oh céus, agora está tudo explicado o porquê de ela ter me ligado ontem se desculpando e se declarando, o porquê dos paparazzi terem me perseguido hoje. O que todos devem estar pensando? Por onde as notícias estão circulando? Será que a minha família já assistira? O que será que meus pais, meu irmão e o meu avô devem estar pensando?
Layla me agarrou com seus braços como sempre fizera. E seu colo sempre soube me acalmar, mas não desta vez. Devido ao choque fiquei paralisada tentando processar cada vírgula de todos os fatos que neste segundo estão ocorrendo. E a única coisa que me ocorre são as lágrimas que descem e escorre dos meus olhos sem sessar.
A minha vida está agora sim acabada. Não bastava sofrer em silêncio por toda a descoberta da gravidez e a terrível decisão que me ronda sobre aborto, agora o meu segredo está sendo a polêmica do mundo todo. Por quê? O que eu fiz de tão errado para ter que passar por tudo isso meu Deus?
Não consigo me mover, como se todos os meus músculos estivessem travados por uma câimbra forte ou como se eu não tivesse mais o controlo da minha coordenação motora. Eu congelei, paralisei completamente. Quando a minha respiração falhou soube que algo errado está acontecendo comigo.
- HÁGATA? – Ouvi de longe a voz de Layla gritar pelo meu nome. – HÁGATA. – Novamente ouvi o grito dela a distancia. Sinto-a balançar meu corpo como se fosse fazer eu voltar.
Layla completamente movida pelo nervosismo tentou várias vezes sentir o meu pulso, tentou no meu pescoço, no meu peito e até mesmo colocou o dedo diante do meu nariz na expectativa de sentir a minha respiração, então ela nada sentiu. Aqui estou eu, na frente da minha melhor amiga, precisando de socorro, mas nada posso e nada consigo fazer, estou presa dentro do meu corpo. Desesperadora é a sensação, como se eu estivesse no fundo de uma piscina olímpica nadando para chegar à superfície, buscando por ar.
Vejo Layla sair às pressas pela porta do meu quarto, ouço-a gritando por ajuda. Então homens de terno, certamente os seguranças, surgem para me ajudar, mas sem saberem o que fazer. Um dos rostos eu reconheço, Trevis, o segurança bonito que me ajudara mais cedo.
Alguma vez na vida de vocês, leitores, já devem ter feito a estúpida brincadeira de quem é que consegue ficar com os olhos abertos por mais tempo. Sabe quando os seus olhos vão secando, ardendo e então não conseguimos deixá-los abertos por mais tempo? Eu estava me sentindo assim, os meus olhos estavam se secando e nem mesmo mexer a pálpebra eu conseguia. Uma lágrima que se concentrara no canto do meu olho, escorrera bochecha abaixo.
Sinto Trevis mover meu corpo, estou sendo colocada na cama. Há pessoas ao meu redor me olhando ao mesmo tempo em que estão agoniados sem saber o que fazer. Ouço uma voz distante, uma voz grossa de um homem, dizer:
- Os olhos dela estão secos, feche-os Trevis. – Ordenou um dos seguranças.
Assim ele fez, Trevis fechou os meus olhos. A minha visão se tornara uma completa escuridão e tudo o que eu tenho a fazer é escutar o barulho a minha volta. Não sei por quanto tempo irei aguentar ficar sem respirar.
- Devemos ligar para a emergência. – Layla disse.
- Tentaremos respiração boca a boca. – Fora a vez de Trevis falar.
Em um ato rápido sinto as mãos de Trevis abrir a minha boca, tomando-a logo com a sua. Ele dá-me o seu ar, em seguida afasta-se pressionando meu peito com suas mãos fortes, repetindo o movimento várias vezes seguidas. Como quem desperta de um pesadelo precisando de ar desesperadamente, eu desperto da prisão de meu corpo. Pisco várias e seguidas vezes, com ajuda levanto-me ficando sentada. Respiro fundo e com calma.
- AI MEU DEUS. OBRIGADA RAPAZES. OBRIGADA! – Layla sendo totalmente histérica agradeceu aos seguranças.
Sou abraçada fortemente pela minha melhor amiga e retribuo seu abraço o mais forte que posso. Sou tão grata por tê-la ao meu lado nos momentos que mais preciso se não fosse por ela e pela ajuda toda, eu teria morrido. Eu nada lhe disse assim que nos desfizemos do abraço, segui para o banheiro, o que mais preciso é de um banho para me acalmar antes de processar tudo o que tenho que processar mentalmente. 
- Vou tomar banho no meu quarto e já volto. – Ouço-a avisar-me alto.
Fiquei alguns segundos a observar a banheira encher junto com os sais que formam as espumas. Removi a minha sujeira da praia, debaixo do chuveiro. Em seguida permiti-me deitar na banheira para descansar. Permiti-me também chorar um pouco, porém respirei fundo várias vezes, pois não seria nada legal perder o controle novamente para Trevis ter que me salvar nua. Seria engraçado se não fosse trágico.

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