A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 20 - E a amizade fortalece.

Os dias seguintes transcorreram na maior tranquilidade, e tanta que Carolina quase esquece o perigo que corria. Lia os jornais com o maior cuidado, todos os dias. A história de como assassinara um motorista, fugindo em seguida, saiu da primeira para a segunda página, e acabou sendo relegada para uma página interna, passando quase despercebida. Carolina passou a respirar com mais facilidade, não mais experimentava a sensação de que era iluminada por refletores. A polícia tinha outras coisas com que se preocupar. E muito em breve Roberto se cansaria de procurá-la. 
Justin já tinha perdido as esperanças de encontrar Carolina, a essas alturas a garota já deveria ter ido para outra cidade. Mas não parava de procurá-la, sempre que saia para fazer tal compromisso, ficava de olho nos rostos das pessoas. 
Carolina também não tinha esquecido de Justin Bieber, antes de se deitar ficava pensando no beijo que acontecera na cobertura do rapaz, o modo como ele a envolveu em cima do balcão, a pegada e detalhes a parte. Mas também pensava na sua amizade com Charles. Até brincou em seus pensamentos, qual escolheria para namorar. Tal brincadeira a deixou confusa. 
[...]
Carolina levantava cedo todas as manhãs, comia o desjejum numa pequena lanchonete perto do hotel e seguia a pé para a fábrica. Cada vez que entrava ali, sentia o maior orgulho, tinha a impressão de que ficava mais próxima do pai. Mas havia outro motivo para que Carolina gostasse de ir trabalhar - Charles. Pensava nele à noite, não só nele como também pensava em Justin. Já sentia uma certa saudade de sentir Justin ao seu lado, de poder encarar aqueles belos olhos e de inalar aquele perfume maravilhoso. Gostava também de ficar ao lado de Chaz na linha de montagem, observando-o trabalhar.
O bom-dia jovial de Chaz parecia a Carolina uma maneira maravilhosa de iniciar o dia. Conversavam um pouco quando o capataz não estava olhando, logo adquiriram o hábito de almoçar juntos, e também de saírem juntos nos intervalos para o café. Quanto mais via Charles, mais Carolina gostava dele. Ele falou sobre sua família.
- Meu pai e minha mãe foram para o Canada um pouco antes de eu nascer.
- Posso perguntar qual é a ocupação de seu pai?
- Ele é um artista. - Uma pausa, e Chaz se corrigiu: - Era um artista. Não pode mais pintar, por causa da artrite.
- É por isso que você trabalha?
Chaz sentia vontade de contar a verdade pra Carolina, mas não podia simplesmente dizer " Sou um agente do FBI e estou aqui investigando um caso." apesar de terem se tornado amigos nesses dias, e então mentiu.
- É, sim. Meus pais só contam comigo. Eu ia cursar a faculdade de medicina. Talvez um dia ainda consiga.
Não havia o menor vestígio de autocompaixão em sua voz.
- Gosta de trabalhar aqui? - perguntou Carolina.
- Gosto muito e você?
- Também gosto. A não ser por...- ela acenou com a cabeça na direção de Twist, o capataz - Ele não é nada simpático.
- Concordo. Aqui seria muito mais agradável sem ele. Fale-me sobre você, Carolina.
Era um pedido inocente. E muito perigoso. Por um instante frenético, Carolina sentiu-se tentada a contar tudo. Precisava desesperadamente de alguém com quem conversar, a quem pudesse confidenciar. Mas sabia que isso era impossível. E por isso respondeu, com extremo cuidado:
- Não há muito o que contar. Sou interessada em eletrônica e achei que este seria um bom lugar para aprender.
Chaz fitou-a, curioso.
- Estive observando-a.
- E o que viu?
- Você não precisa aprender nada.
- Eu...
A tentação de ser sincera com Chaz era quase irresistível, mas Carolina sabia que não devia ceder. Pelo bem do próprio Charles. Era perigoso demais. Ela ainda não estava preparada para enfrentar Roberto.
Charles estava encantado com a garota, mudara de ideia sobre ela ser o assassino por quem investigava na fábrica. Estou maluco, o assassino com certeza deve ser um rapaz. Eu sou um retardado mental em pensar que essa doce garota que Carolina é, seja o assassino que procuro, pensou Chaz.
Charles descobriu-se diante de um novo dilema. Queria muito convidar Carolina para saírem juntos, levá-la para jantar, depois um cinema, ou uma balada. Carolina tinha dentro de si o mesmo desejo de sair em alguma noite com o rapaz, alguma festa ou passeio de lazer, só que não ousava. Receava ser vista em público, pois sempre havia a possibilidade de que alguém a reconhecesse. Não queria envolvê-lo em seus problemas.
Charles sentia-se perplexo. Carolina parecia gostar dele e apreciar sua companhia, e, no entanto, não o convidava para sair. Já revelara que não tinha namorada e sabia que Carolina não se achava ligada a ninguém. Mas ela não demonstrava o menor interesse em vê-lo fora do trabalho. Era a garota mais desconcertante que já conhecera.
O problema foi resolvido para ambos pelo Mets de Nova York e o Phillies de Filadélfia.
Havia um lugar público em que Carolina se sentiria segura: o estádio. Com milhares de torcedores presente, ficaria perdida na imensa multidão. Charles era um fã ardoroso de hóquei, mas também gostava de beisebol e, quando leu noNew York Times que o Mets jogaria com o Phillies no Shea Stadium, não pôde resistir. Alguns de seus ídolos jogavam nessas equipes e Chaz não podia perder uma oportunidade de assisti-los em ação. Levantou-se bem cedo naquela manhã e entrou numa fila no estádio, a fim de comprar um ingresso. Ao chegar à frente da fila, o bilheteiro indagou:
- Quantas entradas?
Chaz respondeu sem pensar:
- Duas.
Ele pagou e foi embora, perguntando-se o que o levara a comprar duas entradas, em vez de uma. Mas é claro que sabia. Queria levar Carolina. Mas logo começou a se preocupar. E se Carolina não quisesse sair com ele? E se não gostasse de beisebol, ou tivesse outro compromisso? Chaz passou a manhã se torturando com essas especulações.
Ao meio-dia, sentou-se com Carolina sob as árvores, para almoçar. Decidira abordar o assunto de forma gradual. Em vez disso, porém, descobriu-se a perguntar abruptamente:
- Tenho duas entradas para o jogo do Mets amanhã. Gosta de beisebol?
Carolina detestava beisebol.
- Adoro.
Carolina observou o rosto de Chaz se desmanchar num vasto sorriso.
- Maravilhoso! O Mets vai jogar contra o Phillies. Tug McGrw será o lançador. Lee Mazzilli será o primeiro a rebater para o Mets.
Para Carolina, era como se ele estivesse falando sobre marcianos.
- Será emocionante! 
Não importava para ela onde Chaz a levaria. Sabia apenas que gostava de sua companhia, que era o segundo rapaz mais atraente que já conhecera até agora, claro que Justin vem em primeiro lugar. Havia algo em Carolina que não entendia - uma certa tensão, uma cautela quase animal, que não combinava com sua personalidade. Ela parecia se manter em constante vigília, contra alguma coisa ou alguém. Às vezes parecia até - e Chaz sentia-se um idiota por sequer pensar assim - assutada. Sabia que algo perturbava Carolina e esperava que um dia ela se sentisse bastante íntima para contar tudo. Enquanto isso, se ir ao jogo com Chaz era uma coisa que deixava ele feliz, Carolina estava mais do que disposta a assistir a uma dúzia de partidas de beisebol ao seu lado.
Logo mais a noite, quando Charles já estava em seu apartamento descansando enquanto assistia TV, recebeu uma ligação de seu amigo de infância :
- Eai bro.
- Quando tempo cara - respondeu Charles.
- Pois é né seu boiola? Vamos sair amanhã? Sabe como é né, chamar umas vadias em casa...
- Ah bro péssimo dia que você me chamou para ir comer umas vadias, mas é que amanhã vou sair com uma garota.
- Olha esse Charles, só que me faltava virar gay e namorar. - brincou com o amigo.
- Cala boca Justin! - os dois riram - Mas então bro, amanhã não vai dar mesmo. 
- Não acredito que vai abandonar seu melhor amigo nos piores momentos para sair com uma garota, NÃO ESTOU ACREDITANDO. - o rapaz fazia um certo drama falso no telefone.
- Babaca. - riram novamente - O que está acontecendo para você estar nos piores momentos?
- Ah bro, uma garota ai que eu não estou conseguindo tirar da minha cabeça. Longa história, eu fiquei com ela, daí ela sumiu no dia seguinte. 
Chaz começou a gargalhar.
- Broxou? 
- Não seu tapado, nem transamos. 
- Vish Justin, virou gay é? Você não é de ficar sem transar mano.
- É, eu sei Chaz, mas é que não deu tempo. Eu conheci a menina, e no mesmo dia ela veio pra casa porque não tinha onde ficar. Ai a noite nós acabamos nos beijando e fomos interrompidos, depois disso ela foi dormir. No dia seguinte fui pro FBI e quando voltei, Shirley apenas me disse que ela tinha ido embora.
- Bro se você estiver com algum problema sabe? Digo, com o seu parceiro ai... - Chaz estava caçoando com Justin.
- Chaz eu vou desligar, você só fala merda.
- Eu que falo merda né Bieber? Eu...
Justin bufou.
- Já que não quer sair amanhã, comer umas, vou desligar. 
- Você precisa de mim para comer umas putas? - Chaz fez uma pausa - Verdade, você precisa ver o meu pau para sentir tesão e foder com a mina. To ligado bro. Vou tirar uma foto e te mando, pode ser?
- Cala a boca Charles. - Justin tentava parecer sério atrás da linha, tentava não rir das altas gargalhadas do amigo que sempre conseguia contagiá-lo.
- Vou desligar dude, beijos amorzinho, sonhe com o meu pau. Quem sabe o seu resolve ficar duro né?
- Na moral? Eu é que vou desligar. Boiola! 

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