A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 33 - Welcome to LA.

- Não sei nada sobre ela - insistiu Chaz, obstinado.
- Charles, estou aqui para ajudar Carolina. Acho que a vida dela corre perigo.
E o perigo vem de você, pensou Chaz.
- Sabe onde ela está?
Chaz fitou-o e pôde responder com a verdade:
- Não, senhor. Não tenho a menor ideia.
Matt Brannigan percebera desde o início que o rapaz mentia. Mas agora sentiu que ele dizia a verdade, o que o deixou preocupado. Charles era sua única pista. Se ele não sabia onde se podia encontrar Carolina, então não havia mais qualquer pista. Era bem provável que Roberto tivesse uma chance de encontrar a jovem antes da polícia. O detetive não queria nem pensar no que isso significaria. Precisava encontrar um meio de persuadir o rapaz de que estava do lado de Carolina.
- Ajudou-a a escapar, não é mesmo, Charles?
- Não, senhor.
- Não está contando a verdade. O caixa entregou-lhe uma foto de Carolina e você tirou-a daqui antes que alguém pudesse identificá-la. Levou-a para sua casa. Um detetive particular chamado Sam Collins foi procurá-la e você ajudou Carolina a fugir.
Chaz contraiu os lábios, permaneceu calado. O tenente o estudou por um momento.
- Sabe quem é Carolina?
Ele acenou com a cabeça.
- Seu nome completo é Carolina Seron.
Brannigan deixou passar.
- E sabe por que ela está fugindo?
- Infelizmente não sei. - disse a verdade.
O tenente Brannigan tomou uma decisão rápida. Não tinha provas do que ia dizer, mas sabia que se não revelasse suas suspeitas jamais conseguiria a cooperação de Chaz.
- Seu nome verdadeiro é Carolina Batista. Esta companhia tem o nome de seu pai.
 Chaz se mostrou incrédulo.
- Está querendo dizer que ela é da família Batista?
- É a filha.
- Não acredito...
- Quero que me escute, Charles. O pai de Carolina foi assassinado. Carolina herdou o império Batista.
Chaz o fitava cauteloso, tentando absorver o que o tenente dizia.
- Há um problema. Se alguma coisa acontecer com a jovem, o tio fica com tudo. Cinco pessoas já morreram. E acho que o tio de Carolina vem tentando assassiná-la.
- Oh, meu Deus!
Toda a cor se esvaiu do rosto de Chaz. Acreditava agora no policial. Ele não teria motivos para inventar uma história assim. Chaz lembrou o que acontecera no dia em que Roberto Sato visitara a fábrica. Carolina escondera o rosto. Eles já foram embora?, perguntara ela. E Chaz também recordou como Carolina o levara embora do estádio antes que o jogo de beisebol terminasse, quando os guardas começaram a vasculhar as arquibancadas, e como fugira do detetive em seu apartamento. Subitamente, tudo fazia sentido.
- O tio conta com todo um exército de homens à procura de Carolina - continuou o tenente Brannigan - Carolina não tem a quem recorrer. Se a encontrarem primeiro, Charles, ela morrerá. O tio não vai se deter por nada. Tenho de encontrar Carolina antes, mas não sei onde procurar. Não sei para onde ela planeja ir ou...
- Califórnia.
Charles levou a mão à boca. Nem sequer percebera que falara em voz alta.
- Que lugar da Califórnia?
Havia uma ansiedade na voz do policial que fez Chaz recuperar a cautela. E se apenas parte de sua história fosse verdadeira? E se ele estivesse do lado de Roberto, procurando Carolina para entregá-la ao tio?
- Não sei - respondeu ele.
Chaz viu o desapontamento no rosto do tenente Brannigan.
- Carolina não lhe deu qualquer indicação? Mencionou algum nome? Alguém a quem pudesse pedir ajuda?
Ela mencionara um nome. Seu amigo, Eduardo Hidaka. Chaz fitou o detetive nos olhos.
- Não, ela não mencionou ninguém.
Não deixaria que o policial o ludibriasse, convencendo-o a ajudá-lo a capturar Carolina. O tenente Matt Brannigan suspirou.
- É uma pena. De qualquer forma, obrigado. - Ele se levantou. - Se por acaso lembrar mais alguma coisa, telefone-me por favor.
Ele meteu a mão no bolso.
- Aqui está meu cartão.
Chaz guardou o cartão no bolso do jaleco sem olhar. Não tinha a menor intenção de usá-lo.
[...] Dias depois.
- Estamos chegando a Los Angeles - anunciou Justin.
Carolina mal podia acreditar que se achava mesmo tão próxima do seu destino.
A viagem através do país fora fascinante. Era como o pai lhe dissera: a América do norte tinha cinquenta estados, e cada estado era como um país diferente. Carolina conhecera os portos de Nova York, as férteis terras agrícolas de Indiana e Illinois, as vastas planícies do Texas, o árido deserto do Arizona. A Califórnia era uma terra verdejante, cheia de frutas e flores, fazendo Carolina se lembrar das milhares de vezes que fora para sua casa na praia do Rio de Janeiro.
Durante as duas últimas horas, as fazendas e campinas haviam cedido lugar a casas dispersas e fábricas, depois a pequenas cidades e comunidades suburbanas. E agora podia avistar os arranha-céus do centro de Los Angeles. Não eram tão espetaculares quanto os de Manhattan, mas Carolina teve a impressão de que a cidade era mais limpa, mais moderna.
Pela primeira vez desde que começara seu incrível pesadelo, Carolina sentiu-se segura. Conseguira escapar do tio e da polícia em Nova York e chagar à Califórnia. Eduardo Hidaka a ajudaria. Assim que ouvisse toda a história, o Sr. Hidaka saberia o que fazer.

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