Não consigo acreditar que o motivo de cada lágrima
dele sou eu, não consigo suportar o peso da culpa em meu peito. Em um súbito
ato ao ver suas lágrimas escorrerem novamente, levantei-me do chão e corri para
o seu colo, aninhando-o em meus braços em um ato de desespero. Olhei-o e passei
meus polegares abaixo de seus olhos a fim de enxugar suas lágrimas que insistem
em cair.
Sinto seus braços envolverem fortemente a
minha cintura, da forma como eu tanto quero e tanto preciso por uma noite
inteira. Permito-me acompanhá-lo chorando também. Eu só gostaria de arrancar
com a minha própria mão, a dor e o sofrimento dele neste instante.
- Eu senti saudade. – A frase sai dos lábios
de Justin em um sussurro, atingindo-me como um soco na boca do estomago.
Aperto-o contra o meu peito, desejando
acalmá-lo, pois a última coisa no mundo que eu desejo é partir o seu coração.
Por que as coisas tinham que ser tão difíceis e complicadas? Seria tão fácil se
pudéssemos resolver tudo num passe de mágica. Neste instante Layla abre a
porta.
- Me desculpem. – Justin ergue a cabeça para
poder ter visão de quem era na porta. – Volto depois, Angel. – E Layla sai
antes que eu pudesse avisá-la que ele está de saída.
Levanto-me do colo de Justin e limpo meu rosto
com as minhas mãos. Respiro fundo tentando afugentar meus pesadelos e medos da
minha cabeça, tudo o que eu preciso neste exato momento é ser forte. É isso, eu
preciso ser forte, por mim, por ele, por nós por mais que não haja um nós.
- Você já pode ir agora. – Digo ríspida em
tentativa de parecer-lhe forte. – Já conversamos e está tudo resolvido.
- Não diga isto. Por favor, deixe-me ficar. Eu
sinto saudade.
- Não. – Nego com a cabeça e uma nova lágrima
escorre. – Não piore as coisas, por favor. Agora vá. – Fecho os meus olhos por
alguns segundo, como se toda essa cena fosse desaparecer e eu acordar.
Bieber se levantou, passou por mim e seguiu
até a porta. Acompanhei-o de cabeça baixa, senti seus olhos pairando sob mim
como se esperasse que eu ainda lhe pedisse para ficar e não o faço. Ele passa
por mim pela porta e me lança um olhar que me fez sentir uma das piores pessoas
da Terra.
- Você não responder a minha pergunta. – Ele
insiste.
- Refaça-a.
- Por que não me avisou que chegou a Los
Angeles?
- Porque eu decidi que não iria ter ver nunca
mais se dependesse de mim, por mais que te ame e te deseje a cada segundo. – E
então levanto minha cabeça, tendo visão do seu rosto triste pela última vez
antes de fechar a porta para que eu não possa ouvir algo a mais que ele tenha a
me dizer.
Corro até a cama, onde jogo o meu corpo enquanto
afogo-me entre os travesseiros. Eu nem sei mais se as lágrimas que escorrem
pelo meu rosto são de choro, pois a quantidade e a rapidez com que escorrem são
tão rápidas, sinto que toda a água do meu corpo está saindo através dos meus
olhos. Ouço baterem na porta e abrirem-na. Será ele novamente? Por favor, não.
- Já lhe pedi para não piorar as coisas, por
favor, vá embora.
- Sou eu, Angel, a Layla.
Levanto a cabeça, assim que a vejo corro para
seus braços sendo acolhida em seus abraços salvadores. Ela sempre soube
aparecer nas horas certas.
- Lay só Deus sabe o quanto eu o amo. É tão
difícil essa coisa de amar, por que amar é tão difícil? Era tão fácil e simples
quando era eu e meus pôsteres. Você não faz ideia do quanto me segurei para não
me entregar de corpo e alma, o quanto eu me segurei para dizer o quanto eu o
amo e o quanto me faria bem tê-lo aqui comigo, me abraçando e o quanto ele me
protegeria só por me abraçar por alguns segundos. – E permiti-me desabar nos
braços da irmã que eu nunca tive.
- Ele está atrás da porta, chorando também e
ouvindo tudo. – Layla diz em um sussurro e meu coração se dilacera.
A noite foi dura para mim e acredito que
também fora para ele. Foi torturante vê-lo naquele estado e saber que o motivo
sou eu, eu e o meu caos, eu sendo eu. Olha aonde as coisas foram parar a que
ponto chegou e a que ponto permiti-me ser irresponsável.
Layla
ficou para me fazer companhia e não poderia ser de outra forma. Deitamo-nos
juntas e decidi entrar nas redes sociais para ver o que falavam sobre mim, o
que não fora boa ideia. Há tantas pessoas que se precipitam e julgam sem saber,
sem entender o que é que estou passando. Como podem fazer piadas e até mesmo
memes com todo o problema? Essas pessoas não têm sentimentos?
Beliebers e mais beliebers mencionando-me a
todo segundo, beliebers e mais beliebers sendo maldosas e outras não. “Ela não
pode ser o monstro que vocês querem que ela seja.”, li e curti o tweet. Há
milhares de garotas imaturas julgando-me e até mesmo usando palavras maldosas
para me atingir, como podem? “Seja forte, nem todos sabem o que deve estar
passando. Apenas seja forte!” e eu sorri, há pelo menos algumas pessoas maduras
o suficiente para tentarem entender que também sou humana e tenho sentimentos.
Humanos, uns bons e outros ruins.
Foi a minha vez de pronunciar algo a meu
respeito em meio a tantos comentários ofensivos e também inofensivos.
“O dia foi cheio e também exaustivo.
Sentindo-me emocionalmente exausta!” – Tweetei.
“Não julgue e não puna algo ou alguém que não
se sabe o que sentes ou passa. Ponham-se em meu lugar e tentem serem melhores
do que isso. Sintam compaixão, crianças.” – Continuei.
“Não irei me permitir ser abalada por pessoas
imaturas que se precipitam sobre algo que nada sabem e julgam. Em breve terei
uma bela e grande conquista, pois depois de toda tempestade há dias de sol.” –
E terminei.
Layla reforçou tweetando para que eu fique forte e seja positiva. É
que eu seja tão positiva quanto o teste de gravidez. Seria engraçado se não
fosse trágico.
Meu avô entrou em contato comigo, passamos
bons e longos minutos conversando. Não pude lhe explicar como tudo acontecera,
prometi contar exatamente tudo assim que eu me sentisse melhor para falar do
assunto. Ouvi-o dar-me bons conselhos, lembrando-me do quanto sou forte e capaz
de passar por cima de todos os problemas. E que por nada nesse mundo ele irá me
abandonar, eu sempre o terei ao meu lado. Eu o amo.
Recebi bastantes mensagens positivas dos meus
conhecidos e amigos. Victor, meu empresário, pediu-me para vir até mim e que
gostaria de estar ao meu lado em um momento como esse. Por um segundo tento
imaginar o caos que deve estar entre a minha família com todos os rumores e o
que devem estar pensado. Devo estar sendo um grande desgosto para os meus pais
e uma grande decepção para o meu melhor amigo que é o meu irmão, Nicholas.
Talvez tenha sido um grande erro passar esse
tempo nas redes sociais. Desliguei o meu aparelho celular, pedi para Layla que
passasse a noite comigo. Tudo o que eu preciso é de paz e calmaria. E assim
minha melhor amiga fez, fez-me companhia até eu adormecer.
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