No início daquela semana que pareciam tanto com as outras, como se o tempo estivesse congelado desde que tudo aconteceu, o médico de Hágata me chamou para conversar. Disse que o estado de Hágata era preocupante apesar de ela estar bem como se estivesse apenas dormindo, sim um pouco assustador. Assustador porque ela estava bem, graças também aos drenos, cânulas, e todos os aparelhos que a ajudavam na respiração, na coagulação do sangue, tudo. Mas o mais assustador era que já tinham se passado sete meses sem resposta nenhuma, ela não acordava, então até quando ela permaneceria naquele estado? Só de pensar nessa possibilidade dela nunca mais acordar me dava vontade de chorar.
A conversa que tivemos foi horrível, o médico disse que estávamos jogando dinheiro fora, pois já que Hágata não correspondia nunca aos tratamentos, que era raro, mas haviam casos parecidos com o dela, de pacientes que se mantiveram em um estado de sono profundo por muito tempo, e veio então a pior parte daquela conversa, a parte que ele disse que as famílias tinham que autorizar o desligamento das máquinas. Na hora que ele me disse que eu e a família de Hágata tínhamos que assinar a autorização eu surtei, gritei, berrei, aprontei o maior escândalo dentro daquele hospital, jamais que eu assinaria aquilo. Resumindo, eu quase esmurrei a cara daquele médico, quase bati nos enfermeiros que entravam no quarto dela, fiquei obcecado, passei a ficar com ela 24 horas por dia, tomava banho no banheiro do quarto dela mesmo, pedia para Alfredo trazer trocas de roupas quando tinha seu horário de visita, eu sentia a precisão de vigiar ela todos os segundos porque o medo de desligarem as máquinas era maior do que qualquer outra coisa, maior do que qualquer outro medo que já tive na minha vida.
Eu passei a gostar de Hágata nesses meses tortuosos, Layla passava horas contando-me sobre sua querida amiga, lamentando-se cada vez mais por não ter crido na história de Hágata sobre ter tido o caso comigo, mas fora isso, mostrava-me vídeos e fotos de sua amiga, dizendo-me a quão boa àquela garota era. Cheguei até mesmo ficar amigo do irmão de Hágata, Nicolas. Ele foi um bom companheiro nas minhas noites em claro no hospital, outro que usou meu ombro para se consolar do tempo perdido ao se afastar da irmã nos últimos dias antes do acidente dela, sim eles eram próximos, tinham contato e saiam sempre que podiam o que não acontecia entre ela e os pais. Nicolas preferiu não me responder quando eu quis saber o motivo do afastamento de Hágata com seus pais, respeitei sua privacidade e continuo sem saber.
Nunca contei para Alfredo e nem para ninguém, mas naqueles tempos eu cheguei a passar algumas noites no apartamento de Hágata com permissão do avô dela, um bom homem que por sinal me acolheu como seu neto e compartilhamos aquela dor terrível.
Obvio que mexi nas coisas dela, mas com total cautela, tudo permaneceu como ela deixou, o perfume dela ainda estava preso em suas coisas, vi seu laptop e tive vontade de abri-lo e mexer em suas coisas, descobrir mais a seu respeito, porém não o fiz seria invasão de privacidade e acho que ela não gostaria que eu fizesse isto. Mexendo e mexendo mais nas coisas dela, encontrei em uma das gavetas um caderno, mais parecido com um diário, também não me atrevi a ler.
Suas coisas estavam organizadas a sua maneira, as empregadas tinham permissão apenas para tirar o pó das coisas e limpar o quarto sem tocar em nada.
Encontrei algo que me fez sorrir muito, havia uma caixa com lembranças de viagens e shows. Havia tantas fotos engraçadas, em lugares exóticos com seu avô, seu irmão e até mesmo amigos. Vi então no fundo da caixa, bem escondido, nossas fotos! Foi impossível conter as lágrimas, ela revelou e guardou tudo, aquilo me fez chorar muito. Tratei urgentemente de fazer copias daquelas fotos e tê-las para mim também.
Ainda naquele sétimo mês, tive outra conversa com o médico, nos reconciliamos quando ele me disse que tinha boas notícias, mal sabia eu que era a melhor notícia da minha vida. Qual era a notícia? Minha filha havia de nascer naquela semana!
Eu não sabia o sexo até então, preferi e pedi para não me contarem, pois eles tinham de realizar os exames para ver se tudo ocorria bem. Eu preferi não saber, pois as chances de acontecer um aborto espontâneo eram muitas devido ao estado de Hágata, ela poderia apagar a qualquer momento como acordar também.
Lembro-me como se fosse ontem eu ligando para minha mãe, meu pai e para o avô de Hágata, contando-lhes a melhor notícia da minha vida.
- Mãe é uma menina!!!!
- Como assim meu filho? – era impossível não perceber que ela estava em choque.
- Minha filha vai nascer nesta semana mãe!!!! – a emoção era maior do que eu, não pude conter as lágrimas.
Já não preciso nem contar a vocês, leitores, que a emoção foi a maior de todas e meus pais voaram para o Brasil naquele mesmo dia da ligação, haviam de estarem presentes no nascimento da neta. O avô de Hágata mudou, todos mudaram, estávamos tomados de felicidade.
Sabem a minha luz? Então, a minha luz estava chegando, era ela. Angelina Christian Bieber, filiação: Justin Drew Bieber e Hágata Dior Christian. Orgulho? Imagina. O nome foi escolhido por mim com ajuda de Layla, Angelina que dá o apelido de Angel, traduzindo = anjo, o mesmo apelido de Hágata.
Vocês devem estar se perguntando de algo relacionado a paternidade, DNA e etc. Ou até mesmo esqueceram disto. Não há DNA no mundo que certifique tanto quanto os traços de minha filha de que ela era realmente minha.
Dois anos se passaram e cá estou eu, com uma filha linda, trabalhando cada vez mais duro preparando surpresas inéditas para meus fãs, Angel viaja o mundo comigo, minha mãe também passa grande parte do tempo com a neta, Layla virou uma das minhas melhores amigas, devido ao fato de termos sofrido muito nos aproximamos bastante e claro também o que nos ajudou foi minha filha.
Layla era a tia mais coruja do mundo com Angel que chegava exagerar, falando nisso andei nervoso esses tempos com ela, pois anda mimando muito minha filha e quero que ela cresça na humildade, que não se deixe impressionar por dinheiro e marcas de roupa, o que tem sido impossível com Layla comprando marcas e mais marcas para essa criança, inclusive mandou fazer miniaturas dos sapatos Marc Jobs, como não ficar bravo?
A vida tem sido maravilhosa, era maravilhosa a sensação de saber que eu sou pai, que sempre que eu chegar à casa do trabalho vai ter um anjinho loirinho dos olhos claros iguais aos da mãe, me esperando.
Apesar de ter esse anjo maravilhoso em minha vida, Hágata continua desacordada no mesmo estado, eu nunca permiti que desligassem os aparelhos, apesar de ter quase desistido. Não desisti, pois minha fé é muito grande, creio em Deus e peço todas as noites que ele traga a mãe da minha filha de volta.
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