A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 8 - A corrida.

Fanfic / Fanfiction de Justin Bieber - A Perseguição. - Capítulo 8 - A corrida.
Ao alcançar Wellington, Carolina contornou a cidadezinha para que ninguém a visse. Não cometeria de novo o erro de ir à delegacia de polícia. E se perguntou, pela centésima vez, para onde poderia ir. Estava pior do que perdida, não tinha destino.
A luta com Cullen a esgotara, e precisava desesperadamente descansar. Mas sabia que tinha de continuar andando. Se parasse, poderia ser apanhada, e isso acarretaria sua morte. Assim, forçou-se a continuar ao longo da noite, dando um passo de cada vez. A cada passo, distanciava-se mais e mais do tio, mais e mais do perigo.
A chama ardente que mantinha Carolina em movimento era a raiva intensa contra Roberto. O tio não tinha o menor interesse de providenciar que os pais de Carolina recebessem um funeral apropriado. Sua única preocupação era se apossar do império que por direito pertencia a sobrinha. Mas Carolina estava determinada a cuidar para que os pais tivessem um funeral digno. De alguma forma, levaria suas cinzas para São Paulo. E ninguém poderia impedi-la, nem Roberto, nem qualquer outra pessoa. Não sabia ainda como o faria, só tinha certeza de que faria isso ou morreria tentando.
O ar noturno era frio, e Carolina começou a tremer. Não havia qualquer lugar em que pudesse obter roupas, nenhum jeito de se manter aquecida. Passou por casas de fazendas, às escuras e pensou com inveja nas pessoas lá dentro, aconchegadas e seguras. Especulou por mais quanto tempo seria capaz de continuar. O futuro parecia desolador. Mesmo que encontrasse uma pessoa a quem pudesse contar sua história, seria sua palavra contra a do tio, e ela era apenas uma garota, enquanto Roberto era um homem de posição e importância. O tio tinha influência. O tenente Brannigan não acreditara em Carolina. Ninguém mais acreditaria. Ela sentia-se acuada num pesadelo, do qual não havia escapatória.
No início da manhã seguinte, Carolina descobriu-se nos arredores de outra cidadezinha. A rua principal estava apinhada, pessoas reunidas num grupo. Por um momento terrível, Carolina pensou que a procuravam, esperavam ali para pegá-la. Mas todos conversavam e riam, o clima era de feriado. Perplexa, Carolina foi para o lado da estrada, fora de vista, num ponto de onde poderia observar o que acontecia.
Havia pelo menos duas dúzias de mulheres no meio da rua, vestindo shorts e camisetas, enquanto outras pessoas, completamente vestidas, postavam-se nos lados. Carolina não podia entender do que se trava. Um homem circulava pelo meio da multidão, pondo pedaços de papelão com números nas costas das mulheres de short. E, de repente, Carolina percebeu o que era. Uma maratona. Por um instante, pensou em se juntar ao grupo. Vestia-se como os outros, seria um disfarce perfeito. Mas sabia que se achava cansada demais, esgotada física e emocionalmente. Caminhara a noite inteira, não tinha mais forças. Decidiu esperar que as maratonistas partissem, e depois continuaria.
E nesse instante ocorreu algo que fez Carolina mudar de ideia. Avistou a limusine do tio se aproximando pela estrada. Portanto ainda não conseguira escapar. A busca se tornara mais próxima, poderia ser descoberta a qualquer minuto. Carolina apressou-se em ir para o meio das mulheres de short e camiseta. O homem que distribuía os números olhou para Carolina e disse:
- Você quase perdeu. Estamos prontos para a partida.
Um número foi grudado nas costas de Carolina. As corredoras assumiram posição, preparadas para o tiro de partida. Carolina deslocou-se para o meio do grupo, onde ficaria oculta. Não tinha a menor intenção de participar da corrida. Só queria se perder no meio da multidão, até que o tio fosse embora. Mas no momento em que o juiz de partida ergueu a arma, a fim de disparar para o ar o tiro que daria o sinal para o início da corrida, Carolina percebeu que a limusine preta se aproximava do grupo.
O estampido soou nesse instante e Carolina se descobriu a correr, junto com os outros, permanecendo sempre no meio do bolo, para que o tio não a visse. Quando a limusine passou pelo grupo de corredoras, Carolina baixou a cabeça. O tio afastou-se devagar. Carolina sentia-se exausta da longa noite, mas teve medo de deixar a corrida agora, pois a qualquer momento Roberto poderia voltar. Sua única segurança era usar as outras corredoras como uma camuflagem. E, por isso, Carolina resignou-se à longa corrida pela frente.
Dava passadas compridas e, porque era jovem, com um corpo forte, logo se ajustou ao ritmo da corrida. Começou a examinar as corredoras ao redor. Algumas eram mais velhas, outras pareciam ser da sua idade. Carolina especulou sobre a corrida, se era realizada todos os anos, qual o seu propósito e o que aconteceria ao final. Sabia que nenhuma dessas coisas era importante. Só importava que estaria segura enquanto fosse uma das corredoras. Os outros lhe proporcionavam cobertura.
Começou a usar o segundo fôlego e passou a sentir que as pernas adquiriam mais força. Corria um pouco mais depressa agora, e foi ultrapassando outras corredoras. Não tinha certeza do ritmo que deveria imprimir, pois não sabia qual era a distancia da corrida, podia ser cinco ou dez quilômetros. Decidiu que deixaria para se preocupar com esse problema mais tarde. Afoita, aumentou ainda mais a velocidade e deixou outro grupo de corredoras para trás. Começava a experimentar a exultação da brisa fresca da manhã em seu rosto, dos movimentos fáceis do corpo. Ergueu os olhos e constatou que havia apenas meia duzia de corredoras à sua frente. Tornou a acelerar, e logo só havia cinco à frente, depois quatro, três, e Carolina emparelhou com as duas corredoras na dianteira. Elas aumentaram o ritmo e Carolina fez um esforço para acompanhá-las. O coração batia forte, os pulmões ardiam. Não tinha certeza se poderia continuar. Não havia nenhum motivo para que ganhasse aquela corrida, nada significava para ela. E, no entanto, sabia que tinha de continuar.
Era uma questão de orgulho. Já que entrara na corrida, tinha de vencê-la. Não seria a segunda melhor. E, por isso, Carolina passou a correr ainda mais depressa, e não demorou muito a ficar em primeira, os braços e pernas funcionando como pistões. Contornou uma curva da estrada, e logo à frente havia uma cidadezinha, com uma faixa estendida por cima da rua, dizendo: Linha de Chegada - MARATONA ANUAL.
Carolina sentiu que as outras duas corredoras vinham logo atrás, e, numa explosão final de velocidade, cruzou a linha de chegada em primeira. Descobriu-se cercada no instante seguinte, as pessoas no maior excitamento. Apertavam sua mão, davam parabéns, falavam tão depressa que não dava para entender o que diziam.
- Olhe para cá! - Gritou uma voz.
Carolina levantou a cabeça e deparou com um cinegrafista de televisão a filmá-la. A cena tinha a irrealidade de um sonho. As pessoas davam tapinhas em suas costas, faziam questão de tocá-la.
- Você deveria participar das Olimpíadas.
- Aposto que quebrou algum recorde.
- Mora por aqui...?
Tratavam-na como se ela fosse alguma espécie de heroína. Aparentemente, a corrida era muito importante para aquelas pessoas. Pois fora importante para ela também, pois talvez tivessem salvado sua vida. Só gostaria agora que todos falassem mais devagar, a fim de que pudesse entender. Um homem de boa aparência aproximou-se de Carolina, ergueu a mão bem alto e gritou:
- Senhoras e senhores, silêncio, por favor!
O barulho da multidão foi diminuindo aos poucos, e logo o homem continuou:
- Este é um grande dia para todos nós. Nossa cidade foi homenageada com sua participação no Programa Presidencial de Preparo Físico. Este é o terceiro ano em que temos o privilégio de participar deste evento meritório e esplêndido. Nossos jovens hoje...
O homem devia ser o prefeito da cidadezinha, concluiu Carolina, aproveitando o momento ao sol e a audiência cativa. Carolina não tinha a menor ideia do que o homem dizia, e ficou parada ali, em silencio , polida, esperando que ele acabasse de falar para poder ir  embora.
Mas houve uma surpresa. Ao encerrar o discurso, o homem virou-se para Carolina e declarou:
- E agora, em nome dos habitantes de nossa cidade, tenho prazer em presenteá-la com este cheque, para comemorar sua gloriosa vitória hoje.
E ele entregou a Carolina um cheque de cem dólares. Era uma dádiva dos céus.
- Obrigada. - Balbuciou Carolina. - Eu... eu... 
Carolina não conseguiu lembrar a palavra agradeço, e arrematou de outra forma:
- Eu estou muito satisfeita.
Houve aplausos da multidão, e as pessoas começaram a se afastar. Carolina olhou para o cheque. A primeira coisa a fazer agora era comprar roupas. Virou-se para um rapaz louro, mais ou menos da sua idade, que vestia um jeans e uma camisa de cores fortes. Carolina levantou o chegue e falou, bem devagar:
- Com licença. Pode me dizer onde posso...

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