A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 3 - A viagem.

Fanfic / Fanfiction de Justin Bieber - A Perseguição. - Capítulo 3 - A viagem.
No início da manhã seguinte, Carolina, tio Roberto e tia Angela embarcaram num dos jatos da companhia, e 15 minutos depois o avião decolou para Nova York. Em circunstancias normais, Carolina ficaria bastante excitada com a visita aos Estados Unidos. O pai muito lhe falara a respeito.
- Há grandes cidades, fazendas enormes, edifícios imensos, ranchos, montanhas, lagos. É como se fosse 50 Europas, Carolina. Cada estado é como um país, diferente de todos os outros.
Mas agora, quando Carolina finalmente seguia para a América do Norte, não havia menor excitamento, apenas uma profunda tristeza, uma sensação de perda irremediável. Não tinha irmãs, ninguém de quem fosse íntima, com quem pudesse partilhar seu pensar. Sabia que sua vida nunca mais seria a mesma. Olhou para a frente do avião, onde o tio e a tia estavam sentados, e sentiu-se grata pelo apoio e solidariedade que lhe dispensavam. Pelo menos não estava completamente sozinha.
- Por favor, ponham os cintos de segurança. Estamos chegando.
Depois que o avião pousou no Aeroporto John F. Kennedy, eles passaram pela alfândega.
O prédio enorme estava apinhado, com turistas em visita, americanos retornando ao seu país. Ao redor, as pessoas falavam o que parecia ser uma língua estranha e misteriosa. Foi um choque para Carolina. Estudara inglês na escola por anos, mas não conseguia entender o que as pessoas diziam. Disparavam as palavras como fogo de metralhadora, juntando-as como se fossem uma só. Se ao menos falassem mais devagar. Por não gostar muito da língua, nunca se empenhara tanto quanto nas outras línguas que amava, as quais sabe falar fluentemente, francês, italiano e alemão.
Finalmente passaram pela alfândega e deixaram o terminal. Uma limusine da companhia esperava junto ao meio-fio. O motorista era um homem enorme e frio, chamado Cullen, que mais parecia um campeão de luta livre. Depois que a bagagem foi guardada na mala do carro, Roberto informou a sobrinha:
- Vamos para o norte do estado. A companhia tem uma casa de campo á beira de um lago, não muito longe do lugar em que ocorreu o acidente. Passaremos a noite ali, e amanhã tomarei as providencias para recolher os restos mortais de seus pais.
Os restos mortais de seus pais. Parecia muito frio, definitivo. Carolina estremeceu.
Cullen levou o carro pelo labirinto de caminhos no vasto aeroporto e pegou a estrada para o norte. Era uma noite quente de primavera e os campos estavam lindos. O ar noturno era suave, as árvores pareciam mais viçosas do que nunca, exibindo folhas das mais diversas cores, mas a beleza só contribuía para deixar Carolina ainda mais triste. Sentia que, de certa forma, era errado que a vida devesse continuar como se nada tivesse acontecido, que as flores desabrochassem no meio da morte, as pessoas rissem, entoassem canções alegres. Um pesar profundo e sombrio dominava Carolina.
Viajaram durante duas horas, por estradas nas montanhas, passando por cidadezinhas adormecidas, plantações e florestas. Atravessaram uma pequena cidade com uma placa na estrada que dizia Bem-vindos a Wellington e Roberto avisou:
- Já estamos quase lá.
Quinze minutos mais tarde chegaram a seu destino.
A casa de campo da companhia, usada para hospedar pessoas importantes, era uma encantadora construção de quatro andares, no estilo de um château, no meio das montanhas, dando para um lago enorme.
- Infelizmente, não contamos com criados aqui. - Disse Roberto a Carolina - Nossa vinda foi inesperada. Mas creio que poderemos nos arranjar sozinhos por um ou dois dias, não é mesmo?
- É, sim, tio Roberto.
Cullen levou a bagagem para a casa e conduziu Carolina a seus aposentos, no segundo andar. Era uma suíte espaçosa, com uma varanda da qual se podia contemplar o lago e toda a paisagem ao redor. No quarto, havia uma lareira grande, móveis antigos e uma cama de aparência confortável.
Enquanto Carolina abria as malas, Roberto e Angela vieram lhe desejar boa noite. Roberto disse:
- Tomarei todas as providências necessárias amanhã e, no dia seguinte, voltaremos a São Paulo.
- Obrigada, tio Roberto.
- Tente dormir um pouco.
- Certo, tio.
Angela abraçou a garota e sussurrou:
- Sua mãe e seu pai gostariam que você se mostrasse uma brava!
- É o que farei - Prometeu Carolina.
Ela tinha de ser, pelos pais.
- Se precisar de alguma coisa - Acrescentou Angela. -, nosso quarto é no final do corredor. 
Mas Carolina só precisava ficar sozinha, povoar a mente com o pai e a mãe, reviver todos os momentos felizes com eles. Passou a noite inteira sentada, deixando a mente vaguear pelo passado.
Estava num iate, pescando com o pai. Era um dia quente, o céu sem nuvens, uma brisa soprava, o cheiro de maresia era inebriante e o pai contava histórias sobre seu crescimento numa família pobre.
- Eu estava determinado a ser bem-sucedido, Carol. Não me interessava por dinheiro ou sucesso por si mesmos. Queria apenas que qualquer coisa que fizesse fosse da melhor forma que era capaz.
Estava na cozinha quente, com a mãe, observando-a preparar o jantar. Pediu que ela lhe contasse de novo a história que tanto gostava de ouvir, sobre a tempestade.
- Quando você nasceu, era um inverno gelado e não tínhamos dinheiro para comprar lenha. Uma noite houve uma terrível tempestade de neve. Você chorava no berço e a cobríamos com um cobertor. Foi esfriando cada vez mais, nesse dia estávamos passando os dias em uma cidade fria do sul. Pusemos outro cobertor e depois um tapete. A temperatura continuou a cair e fomos empilhando coisas em cima de você, para mantê-la aquecida. Casacos, mantas, travesseiros. É um milagre que não tenha sufocado.
Ela podia ouvir a voz suave e o riso musical da mãe, a voz profunda e séria do pai, e os dois lhe fizeram companhia ao longo da noite. 
Nunca mais tornaria a vê-los, nunca mais poderia abraça-los, mas sabia que os pais sempre permaneceriam em sua companhia.
Quando a primeira claridade do amanhecer surgiu no céu, Angela entrou no quarto de Carolina. Viu que a cama não fora desfeita, mas não disse nada.
- Preparei o desjejum para você, Carol.
Carolina sacudiu a cabeça.
- Obrigada, tia Angela, mas não tenho fome.
- Deve comer. Precisa manter suas forças. Por favor.
- Muito bem, tentarei.
Ela desceu a escada atrás da tia, foram para a vasta sala de jantar, onde Roberto esperava sentado á cabeceira.
- Conseguiu dormir um pouco, sobrinha?
- Dormi sim, senhor.
Carolina não fechara os olhos durante toda a noite. Sentou-se à mesa e tia Angela a serviu. Para sua surpresa, ela descobriu que tinha uma fome voraz. Sentia-se culpada por desfrutar a comida, mas não podia evitar.
- Teremos um visitante esta manhã. - Anunciou Roberto.
Carolina fitou-o, aturdida.
- Um visitante?
- Theo Abraham.
O nome era familiar para Carolina e de repente ela se lembrou, o Sr. Abraham era o advogado particular de seu pai.
- Por que ele vem nos visitar?
- Trará uma cópia do testamento de seu pai.
Roberto percebeu a expressão de desagrado no rosto de Carolina e acrescentou:
- Sei o que está pensando, mas não deve esquecer Carolina, que as Industrias Batista formam um grande império. Alguém deve assumir o comando. O testamento de seu pai nos dirá quem.
- Claro.
Carolina tentou compreender, mas sua mente não podia se concentrar no império Batista. Só pensava no homem que a criara, que a fizera crescer e que tanto se orgulhava de suas realizações.

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