A PERSEGUIÇÃO. Capítulo 7 - A morte.

Carolina despertou aos poucos. Abriu os olhos, estava num quarto estranho. A cabeça latejava de dor. Não tinha a menor ideia do tempo em que ficara inconsciente. Continuou deitada, imóvel, fazendo um esforço para não deixar que o pânico a dominasse, tentou recordar como chegara ali. Lembrou da conversa com o policial, o tenente Brannigan, do aparecimento do tio e de Cullen, que a levaram para o carro. E lembrou também que fora drogada. Sentou-se na pequena cama e sentiu-se completamente tonta. Esperou que a cabeça desanuviasse. Levantou-se com o maior cuidado, olhou ao redor, examinando o quarto. Não havia janelas, e pela inclinação do teto Carolina compreendeu que se encontrava no sótão da casa. Foi até a pesada porta de carvalho, experimentou a maçaneta. A porta se achava trancada por fora. Não havia como sair. Carolina percebeu que vestia apenas sua calcinha que mais parecia um shortinho pequeno, e uma camiseta. Haviam tirado o resto de suas roupas.
Para que eu não possa ir a parte alguma, pensou. E depois descobriu o verdadeiro motivo, um súbito calafrio lhe percorreu o corpo. Era bem provável que as roupas estivessem à beira do lago, onde a polícia as encontraria, junto com um bilhete forjado de suicídio. Roberto não deixaria nada ao acaso. Minha pobre sobrinha não suportou a perda dos pais, e por isso...
Os pensamentos de Carolina foram interrompidos por um som no outro lado da porta. Alguém se aproximava. Devia ser Cullen, e Carolina compreendeu que não teria a menor chance diante daquele homem grande e forte. Tornou a olhar ao redor, à procura de uma arma, algo com que se defender, mas não havia nada. Perguntou-se o quanto Roberto estaria pagando ao motorista para que a matasse. Uma fortuna, provavelmente. Mas não representaria coisa alguma para Roberto. Com Carolina morta, Roberto entraria na posse de uma riqueza incalculável. Os  passos chegaram mais perto. Carolina ouviu uma chave girar na fechadura, viu a porta ser aberta. Cullen entrou, o corpo imenso bloqueando a porta. Por um momento Carolina pensou em atacá-lo, mas o motorista era muito maior, devia pesar pelo menos uns quarenta quilos a mais que ela.
- Vamos dar um pequeno passeio de barco, gostosinha. - Resmungou Cullen.
Portanto, ela estava certa. Calculara com precisão o que o tio planejava fazer. Iriam jogá-la no meio do lago profundo. Talvez nunca descobrissem o corpo. Cullen avançou segurando-a pelo braço, apertou com força, como se fosse um torno.
- Vamos logo ou eu não resistirei em meter meu pau em você.
Cullen passou a mão livre sobre a região intima de Carolina por cima da calcinha, a fazendo ficar com nojo. Deslizava os dedos pelo pano, tentando aproveitar um pouco antes que saíssem dali. Ele queria estimular a garota, fazendo com que ela cedesse seu corpo a ele.
Ela estava agoniada, se debatendo e ele sussurrou em seu ouvido:
- Acho bom a gostosinha parar de relutar contra meus movimentos ou eu te estupro agora mesmo. O que acha? - Fez pausa. - Acho que seria mais gostoso para nós dois a segunda opção. Você teria a honra de sentir meu imenso pau entrar pela sua vagina, aposto que teria um orgasmo.
- Seu nojento, eu jamais teria um orgasmo sendo estuprada. Você é doente!
- Shhiiu princesa, eu já te avisei, fica caladinha e parada.
Pressionou o braço dela ainda com mais força, machucando-a. A mão livre agora deslizava por debaixo da camiseta de Carolina, subiu a mesma e ergueu seu sutiã tendo a bela visão de seus seios fartos.
Agora segurava os braços da garota ao mesmo tempo em que chupava seus seios, mordiscava os bicos, se deliciando ali. Ela queria relutar, mas sabia que seria em vão e seria capaz de ser estuprada ali. 
Ele deu um beijo em cada mamilo e abaixou os trajes de Carolina.
- É uma pena ter que matá-la. Meu pau faria um bom estrago em você. Se eu fosse seu tio, teria te estuprado todos esses anos. Gostosa!
Cullen levou a garota para o corredor deserto. Estavam no quarto andar. Os dedos de Cullen eram como aço, comprimindo o braço de Carolina, machucando-a.
- Se me deixar escapar, eu lhe pagarei mais do que meu tio. - Disse Carolina, desesperada. - Quando eu voltar a São Paulo.
- Cale-se!
- Posso...
Cullen apertou seu braço ainda mais, empurrando a garota a descer escada abaixo, em sua frente.
Chegaram ao terceiro andar. Além da varanda, Carolina podia avistar o lago lá embaixo. De repente, adquirira uma aparência maligna e sinistra. Dentro de poucos minutos, Carolina seria parte daquele lago, afogada, o corpo perdido para sempre. Não podia permitir que isso acontecesse!
Os galhos de um pinheiro alto e gracioso se projetavam sobre a varanda. Ao perceber isso, Carolina sentiu uma esperança repentina. Havia uma possibilidade. Era mínima, uma tentativa desesperada, mas era tudo o que lhe restava. Se falhasse, morreria. Ia morrer de qualquer maneira.
O coração de Carolina começou a bater mais depressa. Esperou até ficarem em frente à janela, e nesse instante fingiu tropeçar. Ao cair, Cullen numa reação automática, inclinou-se para pegá-la. Por um momento, Cullen ficou desequilibrado, e Carolina aproveitou para empurrá-lo com todo a sua força, conseguindo se desvencilhar. Levantou-se no instante seguinte e correou para a varanda. Olhou para o chão lá embaixo e constatou que a altura era de pelo menos quinze metros. Se caísse, a morte seria instantânea. Não tinha opção, a árvore era o único caminho para alcançar a segurança. Estendeu as mãos para o galho do pinheiro, os dedos começaram a escorregar, logo conseguiu segurar com firmeza e balançou na direção do tronco. E foi então que sentiu alguma coisa agarrar sua perna. Virou a cabeça descobrindo que era Cullen, puxando-a para trás. Carolina se debateu, mas era inútil. O braço musculoso de Cullen envolveu seu pescoço, sufocando-a. Carolina conseguiu se contorcer, escapando com a maior dificuldade para respirar. O motorista tornou a avançar, o rosto dominado pela fúria.
- Vou matar você aqui mesmo! - Sibilou Cullen.
Ele estendeu os braços para envolver Carolina, para na verdade esmagá-la. A garota tratou de se esquivar. Sabia que aqueles braços eram bastante poderosos para partir-lhe a espinha. Desviou-se devagar para a direita, afastando-se da árvore. Quando Cullen já quase a alcançava, Carolina virou-se subitamente para a direção oposta, saltou por cima da grade, tornando a agarrar o galho. Foi em vão. Cullen segurou-a no instante seguinte, como um desvairado, puxando-a para trás.
Carolina podia sentir que começava a afrouxar as mãos no galho. O fim se aproximava. Cullen também sentiu isso. A vitória era sua. Mas, em sua ansiedade de acabar logo com aquilo, Cullen subiu na grade, ao lado de Carolina, para ter um ponto de apoio maior. A grade não suportou o peso adicional do motorista e se partiu de forma inesperada. Carolina, segurando-se desesperada no galho do pinheiro observou horrorizada o corpo de Cullen despencar pela altura de quinze metros. Cullen ainda soltou um grito estridente, depois o corpo bateu no chão, ficou imóvel, a cabeça torcida num ângulo anormal.
Carolina continuou lá em cima, agarrada ao galho, respirando fundo para se acalmar. Não havia mais grade para apoiar os pés. Não havia mais nada agora entre ela e a terra lá embaixo. Se as mãos escapulissem, morreria como Cullen. Bem devagar, Carolina começou a descer pelo pinheiro, passando de um galho para outro com a maior cautela. O instinto clamava para que se apresasse. O tio devia ter ouvido o grito de Cullen, e podia aparecer a qualquer segundo. Pendurada na árvore, Carolina seria um alvo impotente. Mas ela se obrigou a descer devagar, testando cada galho antes de se apoiar. Depois do que pareceu uma eternidade, o chão ficou bem próximo e ela pulou. Permaneceu deitada onde caiu, incapaz de se mexer, tentando recuperar o fôlego. Sentia dor em cada músculo do corpo. Sua vontade era continuar ali para sempre, descansando no chão frio, mas sabia que tinha de escapar, e depressa.
Mas para onde? Não havia qualquer lugar para onde pudesse ir. Não podia procurar de novo o tenente Brannigan. Ele tornaria a telefonar e o tio iria buscá-la. Agora havia um homem morto, poderiam até culpá-la por isso. Carolina levantou-se, no escuro, apenas de calcinha e camiseta, tentou pensar no que fazer. Não tinha dinheiro, nem roupas, e sua vida corria perigo. Viu uma luz se acender no alto da casa, virou-se e saiu correndo às cegas pela estrada.
A lua era cheia, e Carolina aproveitou a claridade para se manter na beira da estrada. Especulou sobre o que estaria acontecendo na casa. Roberto já teria descoberto o corpo de Cullen. Já estaria procurando pela sobrinha? Como em resposta a seus pensamentos, ela ouviu um carro se aproximando. Meteu-se atrás das moitas, fora de vista. Um momento depois, a limusine familiar apareceu na curva, avançando devagar. Roberto estava ao volante, os olhos esquadrinhando os dois lados da estrada. Carolina agachou-se ainda mais por trás das moitas, esperou que a limusine passasse. Quando não mais ouvia o barulho do motor, saiu de  seu esconderijo e recomeçou a descer a estrada. Dez minutos mais tarde, ouviu a limusine se aproximando outra vez e tratou de se esconder atrás das moitas. Observou o tio passar de volta à casa. Talvez pensasse que Carolina ainda se encontrava escondida em algum lugar da propriedade. 
A garota acelerou os passos!

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