A cada palavra escrita, uma lágrima escorre por meus olhos.
Ele sofreu tanto que eu nem imaginava. Viro a próxima página e assusto-me com a
foto que está colada antes de suas palavras. Ele na prisão. Meu susto é alto e
tapo minha boca logo em seguida prevendo mais algum barulho que eu possa fazer
afinal o apartamento já está apagado e todos se encontram em seus devidos
aposentos.
Querido diário?
Quarta-Feira, 29 de Janeiro de 2014, 05h26m, no jato a seu caminho minha linda.
Já faz dias que não escrevo, eu mais dormi do que me mantive acordado, desejei centenas de vezes estar no seu lugar. Você merece uma vida linda, ter um filho e se casar. Você merece tantas coisas boas. Não converso com ninguém, prefiro manter-me calado. Fui preso na madrugada do dia 23 de Janeiro de 2014, no mesmo dia que escrevi na página anterior. Eu bebi tanto naquele dia, me droguei como um louco e descontei a adrenalina recebida em uma corrida de carro de rua, estou envergonhado, a que ponto cheguei. Eu precisava extravasar tudo o que eu estava remoendo e fiz isso da pior forma possível. Minha família e amigos queriam me internar em uma reabilitação, quase surtei esses
dias. Oh Hágata, olha o que a sua ausência tem me feito. Quero tanto que volte logo, temos tanto o que conversar rir e planejar. Sim, eu disse planejar. Você voltando dá-me a certeza de que a criança
em seu ventre irá nascer. Você em seu estado atual faz-me criar tantas coisas
na cabeça que nem imagina, são tantas que se eu tentasse escrevê-las aqui,
daria até a última folha, talvez eu o faça e compre outro diário para
continuação, ou talvez eu guarde isso comigo mesmo. Eu tive outro sonho minutos
atrás, novamente em meu voo a caminho do Brasil. Parece estranho, talvez seja
um sinal de Deus, sonhei novamente com a sua gravidez e o bebê tinha os meus
traços quando criança. O que você não entende é que nesse sonho como no outro,
eu lembro-me de estar tão feliz, mas tão feliz, sentia-me completo e repleto de
paz, não consigo descrever. Só de recordar-me do incrível sonho já
sinto a mesma sensação boa que tive, é como se eu nunca tivesse sido
feliz em toda a minha vida da forma como eu me encontro em tal sonho. Louco,
não? Deve ser porque me encontro nas alturas, voando entre as nuvens
literalmente e esse seja meu contato maior com Deus. Meu voo sendo um ponto de
paz e reflexão. Eu quero me tornar uma pessoa melhor, mas como em meio a tanto
caos? Ninguém imagina o que se passa dentro de mim por conta de tudo isso. A
vida é uma corda bamba. Beijos? Até a próxima página.
Página 26.
Oh, meu menino Justin está ferido. A luz da cozinha se acende
assustando-me, limpo meu rosto que deve estar vermelho e inchado.
- Escutei um chorinho vindo daqui minha querida, e não há outro
chorinho que eu reconheça tão bem. O que a mantém acordada chorando há essa
hora Hágatinha? – Mirtes com seu jeito maternal de sempre, acolhendo-me em um
abraço. Em um gesto rápido, eu fecho o diário por suas costas. – Quer comer
alguma coisa minha criança? – Dou risada por lembrar que ela agia desta forma
quando eu era menor. – Você chorava de bebezinha e sua mãe corria desesperada
me pedindo ajuda, e eu dizia, é fome dona Daiana. – Eu ri, já ouvi essa
história centenas de vezes e não me canso desta.
- Não é fome não Mirtes. – Tento parecer convicta. – É um
livro que estou lendo.
Mirtes olha a capa do livro enquanto dá a volta na bancada,
indo em direção à geladeira.
- Livro bonito. Mas sem nome. Do que é? – Ela me pergunta
inocente.
Logo penso, o que
inventar?
- Romance. – Tento não vacilar no tom de voz, ela me conhece
tão bem a ponto de descobrir minhas mentiras.
- Deve ser lindo, arrancou-lhe até lágrimas e soluços. – Ela
diz animada, simmm, minha mentira foi aprovada com sucesso. Oh, eu solucei?
- Solucei?
- Soluçou, sua doida. – Ela enche meu copo com água novamente.
- Nem notei, estou tão entretida. – Comento a
mais pura verdade.
- Já que não é nada, voltarei a deitar. Boa
noite, minha cria. – Dou risada, ela sempre me chamou de ‘minha cria’, eu a
amo.
- Boa noite Mirtes.
Mirtes se retira do cômodo, deixando-me
sozinha novamente. Abro o diário na página 26, a qual eu estava e vejo que já
havia lido-a. Pulo então umas quatro páginas a fim de não ler mais nada tão
atordoante do sofrimento de Justin.
Querido diário?
Quinta-Feira, 6 de
Fevereiro de 2014, 18h30m, no seu lugar preferido que eu saiba, a sua varanda
com a sua paisagem preferida.
Essa
semana foi diferente de todas as outras. Aproveitei mais do que nunca e me
aproximei mais da sua família como nunca. Passei sim o tempo com você no
hospital, mas creio que nessa semana passei mais tempo em seu apartamento do
que em seu quarto de hospital, até mesmo porque Alfredo quis ocupar meu lugar, ficar com você por algumas noites e tive que deixar. Layla e Nicholas se
tornaram grandes amigos, seu avô tem me acolhido como Bruce, meu avô, faz
comigo. Como pode ler nas páginas anteriores e recentes, contei-lhe das vezes
que tive a companhia de seu avô como um pai para mim. Mas hoje, nessa página,
venho lhe contar algo que chamo de extraordinário. Em uma semana boa como essa,
como um sinal positivo, sentei-me na sua varanda preferida, Layla me contou
desse seu lugarzinho especial e realmente, de especial tem tudo. Estou sentado
nesse exato momento entre suas almofadas, observando o que uma vez me contou e agora
desfruto com prazer desse momento. No dia em que nos conhecemos na mansão, você
me contou sobre seus gostos, hobbies, e lembro como se fosse ontem, pois foi
algo que me marcou de forma positiva, acho que foi naquele momento que
eu me apaixonei por você. Opa! Posso riscar isso que eu escrevi? Não era pra
falar? Já falei, e falo mesmo. Apaixonei-me por você, está dito. Continuando,
você me disse “Moro sozinha, em uma cobertura fantástica com vista para o mar,
você gostaria de ver, ainda mais nos fins de tardes frias, porém ensolaradas, o
céu com um misto de cores fantásticas, um rosa misturado com laranja...”, então
eu te digo e espero que acredite, o céu está exatamente desta corte, é fim de
tarde, não está frio, mas sim ensolarado e estou com um pouco de calor, que
país quente, meu Deus.
Dou risada e me emociono, ele se lembra do que
eu disse.
E você tem razão Hágata Christian, isso é realmente lindo. E eu não
adorei, amei, pois me faz lembrar de você.
Página 30.
Eu não aguento mais, não consigo mais
continuar chorando. Poderia ser mesmo um livro de romance em que choramos um
parágrafo e outro, mas eu estou chorando em todas as páginas. É muito para
assimilar, é muito para a minha cabeça, eu preciso ir deitar, amanhã
quem sabe eu volte a ler um pouco.
Com meu copo de água em mãos e o diário
também, paro em choque diante do pé da escada que leva aos quartos. Chocada,
começo então a ter visões, um flash passa em minha cabeça e me vejo chorando no
alto da escada. O rosto inchado, vermelho, soluçando e analisando os degraus,
parecendo incerta de alguma coisa. Analiso-me perguntando o que é que eu irei
fazer. Parada vejo-me então ser lançada brutalmente do outro
lado, do alto, indo parar nos meus próprios pés.
- NÃO! – eu grito.
Vejo-me deitada no chão gelado, com os olhos
fechados e com certeza machucada, uma quantidade de sangue começa a sair do meu
nariz. O que está acontecendo comigo? Começo a me apalpar com dificuldade por
conta do copo e do livro ao mesmo tempo em que vejo o meu outro eu, inconsciente
no chão, sangrando.
Então eu me lembro.
Eu me joguei das escadas, eu estava apavorada,
desolada e decidida a não viver mais. Era para eu ter terminado de fazer as
malas para ir a Los Angeles quando a minha cabeça se encheu de pensamentos,
fazendo-me entrar em conflito comigo mesma, apavorando-me só de imaginar em
como seria se Justin descobrisse da gravidez e pensei em como ele reagiria. Não
ousaria abortar, não tiraria a vida de um ser que não pediu para vir ao mundo. Eu havia sido irresponsável e agiria de acordo com as consequências. Injusto
seria ter um filho sem pai, um filho que mais tarde poderia clamar a atenção do
mesmo e ser negado. Não seria certo e nem saudável criar um filho sem a
presença de um pai. E eu não iria tirar a vida do meu bebê, não o criaria de
forma injusta, e se ele não nasceria eu também não viveria. Foi quando me
joguei escadaria abaixo.
Pasma e chocada, com lágrimas lavando meu
rosto por ter lembrado o que eu mais queria lembrar e não conseguia. Por um
momento de pânico tomando conhecimento do que está prestes a acontecer se eu
não agir rápido, subo as mesmas escadas correndo em direção ao quarto de meu
avô.
- Vovô! – O acordei, fazendo-o se assustar por
me ver em tal situação de desespero e aparência de quem estava chorando por
horas.
- Diga minha filha. – Perguntou tomado de
preocupação com o meu estado.
- Eu preciso ir para Los Angeles, o mais
rápido possível.
Com a ajuda de meu avô que se levantara para
me questionar o porquê eu preciso ir para Los Angeles com urgência, antes que
eu saísse de seu quarto para ir ao meu, arrumar minha bolsa, nem mala eu faria,
o olhei por cima do meu ombro e lhe disse:
- Eu não posso perder o amor da minha vida. –
O vejo sério e de relance vejo seu sorriso, então não vejo mais nada além
disso, pois preciso me arrumar antes de embarcar.
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NOTAS FINAIS:
Trago boas e más notícias. Por qual começar? Pela má, assim a boa recompensará. A má notícia é que Believe Tour está chegando ao fim, sim meus amores L mas faltam apenas mais um capitulo para que ela se encerre. Chorem comigo, vou sentir saudade. A primeira boa notícia é que eu irei dar a vocês um capitulo *bônus, sim, por amor à vocês e gratidão a tudo que tem feito por mim e por essa história louca, ou seja, faltam mais dois capítulos para encerrar. A segunda boa notícia é que: VAI TER SEGUNDA TEMPORADA PORRAAAA! Muito amor, não? É eu sei, amo vocês. No capitulo *bônus que postarei daqui alguns dias já irei publicar nas notas finais do mesmo, a data de lançamento da segunda temporada junto com a prévia, sim, isso mesmo que vocês leram. ♥ EVocês moram aqui ó.
aeeeev 2 temporadaaaa obg n sei oq seria de mim sem sua fic! continua logoo ta pfto n demora pra postar blz? bjuuus
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